A qualidade musical marcou a estreia do Time Warp São Paulo

Bruna AnteroBruna Antero
06/11/2018 12:44

O Time Warp, um dos maiores festivais de techno da Europa, chegou ao Brasil pela primeira vez nesse ano, nos dias 2 e 3 de novembro, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. É dificil descrever a experiência da maratona com mais de 26 horas de festival, porque mesmo com uma agenda longa a cada dia, as horas passam voando quando estamos de olhos fechados ouvindo nossos DJs favoritos.

Os artistas anunciados fizeram bastante barulho, já que tínhamos desde a estreante em terras brasileiras Amelie Lens, como os "powerhouse names" Sven Väth, Maceo Plex, Nina Kraviz e Joseph Capriati, os headliners do palco Cave 2.0. Muito também se esperava do Outdoor Stage, que recebeu artistas consagrados como Derrick Carter e The Martinez Brothers, além dos produtores Gui Boratto e Kölsch.

Na prática esses artistas fizeram mais do que se esperava! Criaram um ambiente envolvente e que seduziu todos os amantes das vertentes do techno e house music. Quem queria um som mais intenso, podia se posicionar dentro da pista Cave 2.0, uma tenda gigante com um baita soundsystem e uma estrutura gringa que dava a sensação de estar realmente dentro de uma caverna toda iluminada. Mesmo com a música mais "introspectiva", era nítido que o público estava tão feliz em curtir aquela sequência de DJs que o sorriso era frequente nos rostos de quase todo mundo por ali, todos ajudando a manter a energia da pista no topo.

Time Warp São

Ao mesmo tempo, no Outdoor Stage, a dança dominava a todos os presentes. House e Disco foram dominantes e muito bem representados com tracks memoráveis. O veterano Derrick Carter foi para mim o nome do primeiro dia dessa pista. Já no segundo, Gui Boratto fez uma apresentação incrível, tanto que estava difícil sair de lá para ver a lenda Sven Väth. Mesmo depois de tantas performances impactantes, Kölsch conseguiu finalizar o Outdoor Stage com um lindo nascer do sol e um set emocionante. Ele certamente mostrava sua felicidade de estar tocando ali naquele momento, o que também foi o sentimento demonstrado pela maioria dos DJs.

Falando sobre a estrutura em geral, fiquei com a sensação de que poderia ter sido um pouco melhor. Eles seguiram a cartilha do "menos é mais" e montaram no meio do concreto do Sambódromo os palcos, uma praça de alimentação, dois pontos de banheiros e alguns bares. As filas foram vistas mais pela manhã, quando ficava difícil comprar ficha para consumir. Sinto que faltou um pouco da "alma" do Time Warp na estrutura como um todo, estando presente apenas no teto do Cave 2.0. Outros festivais internacionais como o Dekmantel e DGTL conseguiram encontrar um local que carregasse uma personalidade mais marcante e que naturalmente contribuiram para a "decoração" do festival.

Vale relembrar que por causa do mau tempo no sábado, o festival foi pausado no início para garantir a segurança das pessoas, já que a estrutura podia sofrer algum abalo. Não estávamos lá nessa hora mas nos contaram que quem já havia entrado recebeu uma atenção especial, ganhando até cerveja enquanto esperavam, e logo que o tempo melhorou, tudo foi normalizado, adiando o fim do evento em 1 hora.

Quando a maior dúvida do Time Warp é escolher qual artista foi o melhor é sinal de que a música realmente dominou de forma positiva o evento! Cada um tem seu gosto pessoal e experiência vivida para dizer de quem gostou mais, mas no geral a impressão que a maioria das pessoas que conversamos por lá foi que presenciaram sets inesquecíveis, de qualidade extremamente alta. Mesmo acreditando que algumas melhorias de estrutura poderiam ser feitas para melhorar a experiência do público, que essa seja a bandeira levantada pelo Time Warp no Brasil, para que tenhamos cada vez mais festivais que prezam pela música em primeiro lugar.