Good vibes e house music marcaram o Réveillon Troop 2020 em Floripa

Bruna AnteroBruna Antero
10/01/2020 11:22

Um segundo apósa meia-noite; a terça passa a ser quarta e, usualmente, essa pequena fração detempo cronológico não teria qualquer significado especial, não fosse atransição entre o fim e o começo de um novo ano. It’s party time! A sensação de que uma temporada zero-quilômetro tomalugar da anterior é poderosa - superestimada? Capaz! Otimistas e(deliciosamente) esperançosos, uma tremenda responsabilidade é delegada aonosso “eu futuro” para que os próximos 366 dias nos aproximem da melhor versãode nós mesmos.

Esse estado deespírito diferente é impulsionado, para muitos, pela ajudinha cósmica dassuperstições para boa sorte. Eu, que não sou dada a essas crenças, prefiro fazerjustiça poética a minha alma e optar por alterar a vibração da minha energiacom outros companheiros fiéis: os bons amigos e a harmonia da boa música.

Com essa intenção, após ouvir os melhores comentários do ano passado, não tive dúvidas de onde gostaria de comemorar o marco que seria a virada de década: no Réveillon Troop 2020, em Floripa.

A TROOP

A capitalcatarinense, com suas praias que rendem vistas de perder o fôlego, é um dosdestinos mais famosos e concorridos do país quando se fala em Réveillon. Paraquem busca uma alternativa e refúgio às luxuosas festas boutique de Jurerê, não deixe de prestar atenção nesse post.

A TROOP, projetoindependente de música e arte super cool,desde 2013 preza por sonoridade diferenciada e de qualidade, e respeita osconsumidores de música mais exigentes e os curiosos por novidade ao trazer artistasde vanguarda nos segmentos de house e minimal – cite-se Fred P.,Moodymann(!!) e Mayaan Nidam.

Resistindo aosdesafios econômicos, políticos e sociais, desde então, e aliando-se a outros núcleosinfluentes e like-minded – aos quaisacompanho e admiro – como a Causa,de Curitiba, e a Subdivisions, deSão Paulo, essa última Troop de Réveillon conseguiu chegar a sua 3ª edição emseu melhor formato. Quanto a valores, os troopersque se planejaram com antecedência conseguiram adquirir ingressos (todos unissex e open bar) na faixa de R$ 150,00; na hora, chegaram a custar emtorno de R$ 450,00.

Afinal, COMO FOI A FESTA?

Good, goooood vibes é a melhor expressão paradescrevê-la!

Como a músicaé o coração do evento, o local acabaria sendo coadjuvante – mas, nesse caso,não foi. A venue escolhidadificilmente poderia ser melhor. Na subida do Morro da Lagoa, a Alameda CasaRosa é um espaço todo charmoso: piscina no meio, ampla área verde e umaconvidativa e imponente casa restaurada.

A organização conseguiu deixar a atmosfera bastante propícia para se sentir à vontade e se entregar aos passinhos: staff receptivo e agilizado, entrada facilitada com ingresso QRCode, poucas filas, bebidas de qualidade, espaço amplo de descanso e, inclusive, uma mesinha toda especial para quem não abre mão de fumar seu tabaquinho. A iluminação, que ficou por conta da galera da Modular, estava um show à parte – adorei os letreiros com as inscrições “Troop” em azul na entrada, e “Sonore” em vermelho na pista respectiva.

Eram 4 pistas:SALOON (principal), CAUSA (homenageando o núcleo e festa que adoro em Curitiba, era uma pista mais intimista na parte de baixo), SONORE (com os melhores b2b) e TROOP (na parte externa, carregava acara descolada da festa com o teto forrado de guarda-chuvas).

O line-up reuniu grandes figuras da boa discotecagem. Com mais de vinte djs escalados e uma lista de brasileiros notáveis, ali estavam verdadeiros diggers,que colecionam música e carregam seus discos. Com essa lista tão extensa de boas opções, a qualquer momento você conseguia encontrar seu lugar na pista.Não vi palco algum vazio, o que mostra que, realmente, a organização conseguiu reunir artistas para vários gostos.

Tá, MAS E OSSETS?

Nesse clima de celebração entre amigos, quando também reencontrei (e tagarelei com) muita gente, cheguei e fui dar uma explorada nos ambientes. Como gosto musical é algo muito pessoal (e para não me alongar muito), falarei um pouco sobre as apresentações mais esperadas: dos djs e produtores Thomas Melchior e Ion Ludwig, em suas versões live.

Melchior é um produtor bastante distinto e grande expoente do movimento minimalista da house music– o cara, que já começou a fazer seu nome nos idos dos anos 90, tem por hábito lançar tracks contemplativas, espirituosas e hipnóticas, unindo simplicidade e delicadeza. Não por menos,seus trabalhos recentes foram lançados por grandes labels como Perlon, Play house e Cadenza. Gosto muito de “ The Blessing” ( deep, puro amor), “ Water Soul”,“ Todo Mundo” e “ In the Shadow”. Curti a apresentação do alemão mais ao fundo da pista, rendendo-me também às conversas com os amigos.

Em seguida, viria o holandês Ion Ludwig – que, particularmente, foi o grande motivo da minha viagem e está no meu top 5 de produtores favoritos (não canso de me emocionar com “ Ten Canoes”, “Liszt Interpreted” e “ Maternity Album Church”, para citar algumas). Já é a terceira vez que o vejo aqui no Brasil e sigo me impressionando.

Ali, parei de conversar (ops!) e me rendi completamente. Com seu brilhantismo, inteligência e autenticidade (você escuta a música e sabe que é do Ion), foi, com certeza para mim (arriscaria dizer que, pelos sorrisos ao redor, para muitos outros), o ponto alto da noite. Caracterizado por timbres e atmosferas bem particulares, que prendem o ouvinte, ele protagonizou momentos de intensa conexão com a pista.

Quando o céu azul cobalto mais profundo dava lugar ao azul mais claro, anunciando a chegada da manhã, foi a vez do DPR (Klayton Keppen) assumir os decks. Com seu vasto acervo musical e um perfil de discotecagem que me agrada bastante, ele manteve a pista principal em movimento até às 8h.

Quase no final, fui à pista Troop e assisti um pouco da apresentação de um dos grandes responsáveis por fazer tudo acontecer, o Caetano, que fez uma apresentação divertida, deixando a pista com um sorrisão. Inegavelmente, o clima good vibes se manteve do começo ao fim da noite.

ENFIM,....

Foi uma das festas de Réveillon mais legais (e do “meu tipo”) que já fui. Fugindo dos clichês, o Réveillon Troop 2020 foi bastante genuíno ao unir conteúdo, música boa, respeito à diversidade, gente bonita e local agradável. É perceptível que a festa é guiada pelas mãos de gente que coloca amor no trabalho e faz sua parte para melhorar a cena da região.

Se isso não é começar o ano com o pé direito, eu não sei mais o que pode ser – se 2020 continuar assim, será um absurdo de tão incrível! Fica meu desejo de um novoano repleto de momentos mágicos e de escolhas que nos aproximem cada vez mais do tipo de pessoas que queremos e somos capazes de nos tornar.

Feliz ano novo, ontem, hoje e todos os dias!

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