Top 1 no Beatport, circuito europeu e retorno ao Brasil: o ano de Melgazzo

Jode SeraphimJode Seraphim
16/12/2025 15:48

Se 2025 tivesse um fio condutor na trajetória de Melgazzo, ele seria o movimento. Não como aceleração vazia, mas como consequência direta de uma construção artística sólida, coerente e cada vez mais reconhecida dentro e fora do Brasil.

Ao longo do ano, o DJ e produtor mineiro consolidou produtividade alta, relevância internacional crescente e identidade sonora cada vez mais clara – tudo isso sustentado por mérito artístico, não por hype passageiro.


Top 1 no Beatport e o peso do reconhecimento global

O ponto mais alto veio com o EP “Addiction”, lançado pela Volta Records, selo de Victor Ruiz. A colaboração com o argentino Luca Napoli não apenas estreou no Top 5 do Beatport, como posteriormente alcançou o Top 1 no chart de Techno (Peak Time / Driving).

O feito não foi isolado: ele coroou uma sequência de lançamentos que dialogavam diretamente com pistas grandes, DJs de ponta e uma estética de techno funcional, groovada e emocionalmente conectada:

  • “Dance And Control” (Nova Collective) marcou seu primeiro lançamento do ano, unindo groove hipnótico, energia progressiva e uma condução precisa de pista. Faixa que se consolidou como sua música mais ouvida de 2025, no Spotify.
  • “Clear Your Mind” (Iboga Tech) marcou sua estreia no subselo da lendária Iboga Records, conectando techno e psytrance com foco em imersão e narrativa;
  • “Variation” (Orange Recordings), ao lado de Rod B., representou sua estreia no selo de Steve Mulder, com uma abordagem pulsante, ácida e profundamente orientada à pista;
  • “The Language” (Turbo Label), em colaboração com Copini, trouxe uma leitura mais melódica e conceitual;
  • “Overstimulation” (Beyond.), ao lado de Kate Hex, mostrou sua fluidez entre minimalismo psicodélico e groove direto;
  • “House Of Love” (Grotte/Ame Records) consolidou sua entrada em um novo patamar internacional, com um EP que funde techno peak time e hypnotic – o que o próprio artista define como “techno peaknotic”;
  • “The Key” (Kaligo Records), lançado no aniversário de sete anos da label, simbolizou um retorno solo à sua própria gravadora, com remix assinado por Wehbba, em um encontro de significado pessoal e força artística;
  • O recente remix de “Transformers”, de Ed Lopes, pela Iboga Tech, reforçou sua presença em uma das gravadoras mais respeitadas da cena psicodélica mundial;
  • “Dusk Till Dawn” (Kaligo Records) fecha este 2025 de lançamentos em alta latência com a faixa que abre o celebrado V.A. “Morphe, Vol. 7”, tradição anual da sua própria label.


Kaligo Records e o fortalecimento do ecossistema

Paralelamente, Melgazzo seguiu expandindo o alcance da sua Kaligo Records. Entregue às plataformas no último dia 19, a coletânea “Morphe, Vol. 7” reúne 19 produtores em 17 tracks, resultando em um disco que funciona como um verdadeiro termômetro do techno contemporâneo, e que reafirma a Kaligo como uma plataforma internacional de curadoria consistente, focada em groove, energia e pista.


ADE, Europa e a despedida de Lisboa

Durante a temporada europeia, o artista marcou presença no Amsterdam Dance Event (ADE), integrou showcases relevantes e manteve uma agenda ativa entre clubes e festivais. Mas foi em Lisboa, cidade onde morou por dois anos e meio, que viveu um dos momentos mais simbólicos.

No dia 1º de novembro, realizou seu primeiro All Night Long, no Ministerium Club, durante a Cirque Party. O set atravessou house, tech house, indie dance, hypnotic techno e hardgroove – uma síntese de sua trajetória artística e também uma despedida emocional da cidade.

Antes do evento, ele resumiu o seu significado: “Será uma noite muito especial, pois além disso, é também minha despedida de Lisboa. Moro aqui há dois anos e meio, e agora é hora de voltar para o Brasil”.


Primeira turnê na Austrália: um novo território conquistado

Outro capítulo decisivo de 2025 foi a primeira turnê na Austrália, um marco inédito em sua carreira. Como headliner, passou por Sydney, Melbourne e Newcastle. A tour ampliou seu alcance geográfico e simbolizou o reconhecimento do seu trabalho em um mercado distante e altamente exigente.


Gigs emblemáticas no Brasil e a consolidação nacional

Ainda morando em Portugal, o DJ fortaleceu sua presença no circuito brasileiro com apresentações simbólicas. Ele estreou no Surreal Park, ao lado de Carl Cox; em Florianópolis, no Terraza Music Park, pela House2Techno; retornou à Warung Tour em Uberlândia/MG; passou por Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo; e encerra a temporada com datas de peso: Adhana Festival (Morretes/PR) e Réveillon Amazon Club (Chapecó/SC).

Esses shows mostraram sua versatilidade de leitura de pista, transitando entre vertentes, do techno ao house, sempre adaptando o discurso musical ao contexto.


Retorno ao Brasil e um novo ciclo

O fim de 2025 marcou também o retorno definitivo de Melgazzo ao seu país natal, encerrando um ciclo europeu intenso e abrindo espaço para uma nova fase. 

Com uma carreira internacional consolidada, reconhecimento em charts globais, suporte de grandes nomes da cena e uma identidade artística madura, ele chega a 2026 não mais como promessa, mas como realidade.


Mais sobre Melgazzo

Melgazzo é DJ e produtor de techno, formado em Amsterdã. Já se apresentou em grandes clubs e festivais por todo o Brasil, incluindo o Universo Paralello, no UP Club Stage, e fez quatro turnês internacionais, passando por Europa, Ásia e América do Sul, em 15 países diferentes. 

O artista também promove ativamente o desenvolvimento da cena eletrônica do país por meio de seus próprios eventos, assinados pela sua empresa, Kaligo Events, referência nacional. É também o fundador da Kaligo Records, uma das maiores gravadoras de techno do Brasil. Seus sets são extremamente energéticos e atualizados, mantendo a pista em constante movimento.

Melgazzo já dividiu o palco com artistas como Joseph Capriati, Bart Skills, Wehbba, Vintage Culture, Mochakk, Eli Iwasa, Melanie Ribbe e Adana Twins; recebeu suportes de nomes como Carl Cox, Enrico Sangiuliano, ANNA e Nicole Moudaber; e lançou em selos como Volta Records, Modular States, Reload Records e Gain Records.