DJ, produtor multicultural, Paulo Tessuto é dono da mente idealizadora do Carlos Capslock, coletivo paulista que promove a arte e a cultura clubber por meio da música e dos eventos. Com diversas edições da Capslock já realizadas, o ano de 2023 segue sendo extremamente frutífero para tessuto, que foi confirmado no DGTL São Paulo 2023, Tomorrowland Brasil e que levou o coletivo ao New Dance Order, palco dedicado à música eletrônica na primeira edição do The Town.
Batemos um papo muito especial com Tessuto, que comentou sobre a filosofia do coletivo, bem como o processo de execução de eventos, participação nos festivais e muito mais, confira:
Começando pelo início do ano, o Festival Carlos Caplsock foi um evento incrível, que trouxe uma experiência muito forte, um sentimento muito marcante de bem estar e conforto. Assim como na edição do ano passado com Bjarki, a pista estava quente, o público estava feliz e os artistas estavam felizes… o que isso tudo que a Capslock faz?
Sendo produtor de eventos é muito bom saber que esse sentimento existe, que é real… é sobre isso, sobre criar experiências que ficam marcadas na memória das pessoas, e esses dois eventos que você mencionou foram muito especiais para a gente também. Não é a primeira vez que me falam isso, que as pessoas vão à Capslock e sentem que as pessoas que estão trabalhando estão felizes, que o público está feliz, que os DJs estão felizes e acho que isso é uma consequência da maneira como a gente lida com tudo dentro do evento. Desde a concepção do line up, da festa em si, dos ideais que a gente propaga, mas principalmente a maneira com que as pessoas que estão frequentando e estão trabalhando são tratadas, acho que isso reflete muito na forma com que elas vão trabalhar. Na Capslock, por exemplo, é mandatório, que toda e qualquer pessoa que tem determinada função com pessoas subordinadas a elas, peçam 'por favor' para fazer tudo, a gente exige a educação, tentar não individualizar os problemas. Acredito que isso faz com que as pessoas se sintam acolhidas, e que elas fazem parte de uma estrutura que as respeita e que estão ali para co-criar e co-construir as coisas, inclusive na hora que a gente erra. Eu acredito que individualizar os erros acaba sobrecarregando as pessoas que estão trabalhando.
Falando sobre The Town, teremos no dia 3 de setembro o showcase Carlos Capslock no encerramento do New Dance Order! Conta pra gente como começou essa parceria, e o que isso representa para você como pessoa e como Capslock, tendo toda essa visibilidade?
Bom, o Claudinho um dia me procurou - já temos contato prévio, por que já tinha participado do BRMC, de vários painéis lá a convite dele, já toquei no Rock In Rio também - então ele me ligou e apresentou essa ideia que ele tinha, a princípio não fazia ideia do que era e não foi um convite no primeiro momento. Ele me procurou para entender o que eu achava sobre isso, e se eu tinha interesse, e claro, achei bem bacana, me senti muito acolhido e respeitado. Depois de tudo isso tivemos várias reuniões para acertar as coisas e no final passei para o comercial da Capslock para fazer a finalização. Não é uma coisa que costumo fazer, de cuidar de contratação, de showcase, a minha própria contratação também, mas como tudo rolou de forma espontânea e eu já conhecia o Claudinho, foi assim que as coisas rolaram.
Como vai ser o formato desse showcase? Vai ser um B2B ou três slots separados?
Vamos fazer três slots separados, até porque o Stroka toca em formato live act, então cada um terá sua apresentação. Vamos ter performers e o Modular Dreams, que faz todos os visuais da Capslock há bastante tempo.
Queria entender da sua visão sobre a Capslock no The Town na perspectiva de estar num espaço de visibilidade nacional?
Sim, para nós é uma coisa muito importante, sim é meu objetivo atingir mais pessoas e mais pessoas com a minha arte, com as minhas ideias, mas sempre pensando em propor, e não impor ideias. Então para mim é muito importante que as pessoas possam conversar sobre as ideias que são diferentes das delas, ter a oportunidade de refletir sobre, e por isso mesmo que nós usamos muito a subversão nos nossos temas, nas nossas artes, a ideia é sempre instigar as pessoas a pensar. Quando você vai a uma Caplsock, a maior parte das pessoas que estão ali já conhecem, já pensam dessa forma, tem um conceito social muito parecido com o nosso, então para mim, é importante sim atingir públicos cada vez maiores cada vez mais diferentes, não só para crescer profissionalmente, mas para poder ter contato com pessoas que não estão no meu ciclo, sejam fãs, frequentadores da festa, amigos, colegas…
Enquanto preparava a conversa, fui impactado pela notícia de que você está confirmado no Tomorrowland Brasil! Primeiro, parabéns pela conquista! Conta para a gente como você se sente com isso, e como estão os preparativos?
Foi muito legal, a gente já tinha confirmado essa data há alguns meses, mas ainda não tinha sido anunciado, e por coincidência estou agora na Bélgica! Não para assinar o contrato, mas para tocar. E sim, é uma preparação intensa para tocar num festival como esse, é sim uma grande responsabilidade, não só por ser a primeira vez que toco no festival, mas pelo nome, a relevância e o tamanho que o festival tem, então sim é uma coisa que acaba impactando em vários âmbitos da vida, é o tipo de gig que a gente fica pensando todos os dias até ela chegar, assim como o The Town, por exemplo.
Falando agora sobre as próximas edições da Capslock que vamos ter ainda esse ano, no dia 30/09 em Santos, e 28 de outubro em São Paulo. Como é preparar duas festas ao mesmo tempo?
É a primeira vez que estamos indo para Santos, e estamos bem animados! Vai ser uma edição menor que a da capital, esperamos por volta de 800 a 900 pessoas, e a de São Paulo estamos projetando para 2500 a 2700 pessoas, que é o que estamos acostumados a receber em eventos lá. Os preparativos são diários, a produção execiutiva é sempre um dia após o outro e a preparação é intensa, sempre surgindo novos problemas que temos que parar e voltar para resolver.
Para finalizar, vamos falar de DGTL São Paulo. Como é a sensação de estar de volta em um dos eventos mais esperados do ano?
Bom, eu estou muito feliz de estar de volta no DGTL, ano passado foi minha primeira apresentação. Já haviam rolado algumas edições no passado, mas não tinha feito parte do line up. Ano passado foi muito legal, quando comecei a tocar a pista estava meio vazia, mas ao longo do set foi enchendo e no final já estava bem cheia, então foi um horário bem legal, fiquei feliz com os feedbacks que recebi também, tinham pessoas que me conheciam, da craudi.
Confira alguns trechos da entrevista em vídeo no Instagram do We Go Out, clicando neste link!
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