Nos dias 9 a 12 de maio aconteceu a edição de 10 anos do Brazil Music Conference (BRMC). Com sua nova sede em São Paulo, foi eficiente em reunir os principais nomes da cena na música eletrônica do país e deu oportunidade para centenas de pessoas dialogarem sobre temas importantes da atualidade.
Estivemos presentes nos quatro dias intensos de palestras, workshops, cerimônias e festas e saimos de lá com a cabeça recheada de novas ideias e com o pensamento a todo vapor. O evento aconteceu na Unibes Cultural (ao lado do metrô Sumaré) e teve na primeira noite uma cerimônia de abertura (que diferente dos outros anos, fez homenagens às figuras marcantes da cena ao invés de entregar o tradicional Prêmio RMC).
Assistimos painéis muito interessantes, que eram divididos em cinco macro-temas: Somos Latinamérica, Trending Topics, Show Business, Art in Sound e Future Forum. Uma coisa é fato, é impossível acompanhar tudo o que acontece e muitas palestras que seriam imperdíveis acabam ficando de fora da agenda (às vezes por lotação da sala ou por outro tema que tenha prioridade). Como destaque, podemos citar:
Claudia Assef, co-fundadora do WME (Womens Music Conference) mediou um painel que tinha como foco a participação da mulher em line-ups. Com as convidadas Eli Iwasa, Tânia Saraiva e Aninha, a discussão foi importante para lembrarmos que a luta feminina para conquistar um espaço no mercado da e-music ainda está apenas começando, é preciso mais aceitação dos homens e mais líderes mulheres como espelho, sendo como DJs e produtoras quanto em atividades de suporte, para motivar futuras garotas que queiram seguir por esse caminho.
Outro assunto muito discutido foi a realidade de como outras regiões do país fora dos grandes centros conseguem sobreviver de música eletrônica. Um painel que trouxe esse tema foi o "BRMC por dentro do Mercado do Sul", mediado por Alan Medeiros (Alataj). Os convidados foram Rapha Costa (Maori), Laura Marcon (Sharp Movement), Tiago Greco (Place Lounge) e Fran Bortolossi (Colours) que deram exemplos de como conseguiram criar suas festas, atrair um público não tão acostumado com música eletrônica e a dificuldade de conseguir patrocínios.
Para falar do cenário de festivais brasileiros, o painel "Cria da Casa: Festivais do Brasil" contou com Luiz Gustavo Zagonel (Warung Day Festival), Erick Dias (XXXperience), Jeje (Tribaltech), Du Serena (Tribe) e Gustavo Trevisani (Kaballah) falando das principais preocupações de se fazer um festival no cenário atual do país. Quando questionados sobre o foco de cada festival e novidades para esse ano, muitos (principalmente Kaballah e Tribe) fizeram questão de citar o investimento em segurança para garantir que os eventos sejam tranquilos nesse aspecto.
Fora as palestras, que na maioria estavam com capacidade total das salas, tinha também um lounge na área aberta do edifício, com exposições de marcas mostrando as novidades do mercado musical. A AIMEC, primeira escola de música eletrônica do Brasil, está lançando sua primeira sede na Europa, em Lisboa. A empresa Go Festivals anunciou pacotes para curtir festivais pelo mundo todo, além de outras empresas como a Pioneer DJ que apresentou tecnologia de ponta para as festas.
Além de toda troca de conhecimento que rolou durante as tardes na Unibes, teve também duas festas oficiais do BRMC que agitaram os participantes durante a semana. Na quinta-feira teve Opening Party no club D-Edge, que recebeu referências do techno como Ambivalent, além do anfitrião Renato Ratier e um show case do selo curitibano Radiola. No sábado foi a vez do Sunset Club Laroc, em Valinhos, fazer uma mega festa com Nic Fanciulli, Denis Ferrer e muitos outros convidados.
Certamente essa foi uma das mais importantes edições do BRMC, que ao longo de 10 anos vem mostrando a união da música eletrônica com o objetivo de ajudar no crescimento e fortalecimento do mercado.
Bruna Antero
Pós-Graduação em Engenharia de Marketing (USP); Graduação em Administração (UFPR PR); 13 anos de experiência nas áreas de marketing, trade e vendas. Onde encontrar: em algum palco underground explorando novos artistas e em alguns afters