Hoje, em um dos momentos mais calorosos de sua carreira de mais de uma década, a DJ, produtora e sound designer Amanda Chang apresentou seu novo projeto, Chang Rodrigues, no New Dance Order, palco dedicado inteiramente à música eletrônica no Rock In Rio.
Atração da Tenda Eletrônica do mega festival brasileiro em 2015, a artista retorna mais madura, experiente e artística do que nunca, com a oportunidade de inaugurar oficialmente sua performance live baseada em sintetizadores analógicos modulares.
"Para mim é maravilhoso, uma grande realização. As expectativas de estrear o Chang Rodrigues são as maiores", conta a carioca radicada em Juiz de Fora/MG, que executa um techno cru e reto, à lá Berlim, com pitadas de ambient, acid, funk e eletrônica experimental.
DJ desde 2009, Amanda foi residente da Privilège Brasil por sete anos, até que, em 2015, conheceu o techno em Berlim e se apaixonou, refinando sua sonoridade. Em 2016, entrou como residente do D-EDGE e fez mais uma viagem que mudaria sua vida: no Amsterdam Dance Event, conheceu o mestre argentino Ernesto Romeo, que apresentou a ela o universo dos sintetizadores modulares — outra paixão arrebatadora e revolucionária.
"Comprei meu primeiro synth e vi que eu poderia criar meus próprios timbres, o que ampliou muito minha criatividade. Eu não me sentia confortável em produzir usando samples no computador. O sintetizador modular expandiu minha mente de uma forma única e abriu possibilidades sonoras infinitas", continua ela, que trará ao RiR sete peças de hardware: Sistema modular (módulos escolhidos por ela através de diferentes fabricantes de sintetizadores), ARP Sequencer, Arturia MiniBrute 2S, Moog DFAM, Vermona Retroverb, TC Electronic Delay e Digitakt.
"Se você me perguntar, não é nada prático viajar levando todos os equipamentos que tenho, mas é possível montar um setup que cabe na bagagem de mão. Posso ficar sem as roupas, mas não sem os equipamentos!", brinca.
Depois de anos de estudo com o seu guru argentino, no famoso estúdio La Siesta del Fauno, em Buenos Aires, e de alguns ensaios em lugares como Warung, SESC e o próprio D-EDGE, o lançamento do projeto Chang Rodrigues foi ao mundo no célebre portal britânico FACT Mag em 2021, através de um documentário.
"Chang Rodrigues é um nome que extrapola a polaridade masculino-feminino, agrega os dois. Chang representa meu lado oriental: é a parte chinesa herdada da minha mãe. Já Rodrigues é a parte latina, carioca, do meu pai. Uma miscigenação tipicamente brasileira", explica.
No ano passado, Chang gravou duas apresentações que servem como cartão de visitas: na Fazenda Fortaleza de SantAnna, em Goianá/MG, fez a "Live Ruínas"; e performou no Instituto Inhotim, também em Minas, em parceria com o núcleo pernambucano Coquetel Molotov.
No último sábado, 13, se apresentou na estreia do CANAL, iniciativa cultural de artistas de música eletrônica de Juiz de Fora, no que pode ter sido considerada uma pré-estreia, ou um ensaio final, para o grande debut no Rock in Rio.
O EP de três faixas "Ruínas", seu primeiro release oficial, está previsto para chegar no final do mês.
"Quando toco, ocorre um diálogo entre mim e o modular, com o qual me surpreendo diversas vezes, e, ao mesmo tempo, me sinto familiarizada. Sinto que consigo extrair um som único e particular a cada apresentação. É sobre arte sonora — sons orgânicos, sintetizados em tempo real, que não irão se repetir", conclui.
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Otávio Apovian
Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos