Dia 7 de outubro, o aclamado e querido festival multicultural TribalTech 2017 (TT) concluiu a ousada trilogia de festas com a edição “Escape”. O sucesso da “Reborn”, em 2014, seguido da prova de resistência às intempéries do evento “Evolution”, em 2015, deixou o público curioso pelo fechamento do ciclo.
Após um intervalo no ano de 2016, em meados do primeiro semestre deste ano, surgiram os boatos de que a TT ocorreria em um local inédito dentro da cidade de Curitiba – fugindo do polêmico gramado da fazenda Heimari. Revivendo um modelo dos anos 80-90, veio a divulgação de que a festa se daria nos quase 49 mil m2 da, há anos desativada, fábrica do Açúcar Diana, no bairro Prado Velho – uma ótima notícia para aqueles que querem aproveitar a festa sem a preocupação de ir dirigindo e um alento para o curitibano acostumado com o tempo chuvoso.
Especulações sobre os artistas também não faltaram. Seria demais sonhar com a possibilidade de Ricardo Villalobos e/ou a polonesa Margaret Dygas? O suspense teve fim, dando lugar à ansiedade dos nossos ouvidos e corações “techno-minimalescos” com a divulgação, especialmente, da impecável line do palco “Timetech”: além dos nacionais Gui Thomé, Stekke e Gromma, foram escalados nada menos que Francesco Del Garda, XDB, Ion Ludwig, Dewalta, Daniel Bell, Margaret Dygas e Nastia. Não menos importantes, outros grandes nomes da cena nacional e internacional, como Octave One, Marc Houle, Stephan Bodzin, Bixiga 70, Criolo, Victor Ruiz, Kolombo, Eli Iwasa, Renato Ratier, para citar apenas alguns dos mais de 100 artistas, se apresentariam nos nove palcos (TribalTech, Timetech, Organic Beat, Progressive, Burn Energy, Supercool, Redoma, Adubando o Pinhão Dub Corner e Welcome Stage) distribuídos pelo complexo industrial.
Diferentemente da última edição, onde muitos sentiram falta da identidade visual caprichada, característica da TT, este ano pudemos desfrutar de palcos bastante elaborados e diversas intervenções artísticas em todo o espaço ocupado pelo evento. Em harmonia com a proposta urbana, obras de artistas locais, pinturas, graffitis e palcos muito criativos, como, por exemplo, o Burn Energy stage, inserido dentro de uma piscina vazia, ou o palco Supercool, com samambaias penduradas no teto, deram um ar rejuvenescido ao festival. Havia, ainda, espaços para os visitantes fumarem narguilés (Hookah Lounge), praça de alimentação, performances artísticas e bar de drinks.
Como todo bom evento, a semana que antecedeu nos tomou de ansiedade e fez os dias passarem arrastados. Por sua vez, as mais de 16 horas de festa passaram como num piscar de olhos. Diante de tantas opções de palcos e artistas, optamos por montar acampamento no palco TimeTech, que reuniu uma gama de DJs cuja apresentação há muito esperávamos pela estreia ou pelo retorno após anos sem pisarem em terras tupiniquins. Nossa aposta foi certeira e não nos arrependemos: o palco nos presenteou com apresentações impecáveis, desde a abertura, passando pelo começo da tarde, quando o primeiro artista internacional e estreante, Francesco Del Garda, começou a tocar, o live impecável do romeno Ion Ludwig, até as apresentações finais poderosas de Margaret Dygas e Nastia.
Ao contrário da última edição, em que não cair durante a troca de palcos foi o grande desafio em um mar de lama, nesta, também muito mais enxuta, sentimos, ao menos para o nosso gosto, que a curadoria foi bastante cuidadosa e coerente na seleção dos artistas e seus respectivos stages e que a produção teve bastante atenção e cuidado para tentar solucionar a maioria dos problemas da última edição.
É evidente que, em um evento de tamanha proporção, querer agradar a todos seria demasiadamente pretensioso e o evento nas redes sociais é sempre terreno fértil para as acaloradas reclamações. Em especial, ouvimos algumas pessoas queixando-se da antecipação do início da festa do meio dia para as 10 horas, dos preços praticados no bar, da falta de água para venda no final da festa, do não reembolso das fichas de bar compradas e não usadas, da ausência de sinalização dos locais das pistas, do calor e da lotação. Mesmo com estes contratempos, comuns em grandes festivais, pudemos notar que a grande maioria do público saiu extremamente satisfeita e de alma lavada devido ao altíssimo nível musical das apresentações.
De todo modo, como o objetivo deste post é relatar nossa experiência pessoal como um todo, a impressão que ficou foi que, desta vez, a organização acertou a mão e os imprevistos relatados não prejudicaram o evento, fechando a trilogia da TT com chave de ouro. Por fim, embora o nome dado a esta edição seja “Escape”, para nós, esta sim poderia ter sido a Tribaltech “Reborn”: dos três festivais, este foi o que realmente aparentou marcar o renascimento do festival curitibano.
Texto por: Carla Kons
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