Nos últimos dias nos deparamos com várias notícias, que mais pareciam capítulos de um seriado trágico, sobre o Fyre Festival. Então resolvemos explicar ~ o inexplicável ~ fato, ou melhor, as sequências de fatos, que levaram um dos festivais mais luxuosos do mundo ser comparado com o “The Hunger Games”.
Começando pelo conceito do festival, que foi criado pelo rapper Ja Rule e pelo empresário Billy McFarland, com o objetivo de criar uma experiência super exclusiva em uma ilha paradisíaca Exuma Cays, nas Bahamas. A ideia era oferecer conforto e luxo durante dois fins de semana, entre os dias 28 e 30 de abril e 5 e 7 de maio, que contava com os shows de atrações como Major Lazer, Disclosure e Blink 182.
Os ingressos custavam de USD 2.000 a USD 12.000, e oferecia serviços que iam desde voo fretado de Miami para a ilha até iates para assistir as performances.Os problemas começaram a aparecer quando na semana do festival algumas bandas cancelaram suas apresentações por questão de não terem sido pagas. Além disso, o serviço de alimentação, que deveria ser assinado pelo Starr Catering Group, também cancelou alegando que o contrato estava vencido.
As primeiras pessoas que desembarcaram na ilha se depararam com uma estrutura totalmente abaixo do esperado. As acomodações que deveriam ser modernas e ecológicas estavam sendo associadas a “barracas que são utilizadas durante catástrofes”. As refeições, servidas de emergência, eram compostas por 2 fatias de pão, queijo e salada simples, em uma caixinha de isopor. Com o caos instaurado na cidade, os vôos foram temporariamente cancelados e quem tinha chegado à ilha não conseguia mais voltar para casa.
Com toda a repercussão da tragédia, chegou a vez dos organizadores começarem a se pronunciar. McFarland admitiu que ele e Ja Rule foram “um pouco inocentes” na estreia como organizadores de festivais. “Ficamos sobrecarregados e não conseguimos encontrar uma saída para resolver todos os problemas. Nós achamos que estávamos preparando tudo no tempo correto. Fomos um pouco inocentes de achar pela primeira vez que poderíamos fazer tudo sozinhos. No ano que vem, com certeza iremos iniciaremos os preparativos mais cedo”. O empresário, ainda insistindo em uma nova edição para 2018, está oferecendo como troca um ingresso por 2 VIP PASSES para quem ainda quiser encarar o desafio.
Ja Rule disse que “estava de coração partido”. “Eu e meus parceiros queríamos que esse fosse um evento incrível, e não um golpe como todos estão falando. Peço sinceras desculpas a todos que sofreram algum tipo de inconveniência por causa disso”.
O ministro do turismo das Bahamas também entrou na história se posicionando contra os rumores de que a ilha não tinha infraestrutura adequada para atender o festival. Os co-fundadores já estão sentindo os prejuízos, além de toda imagem desgastada do evento, estão sendo processados por um dos participantes em USD100 milhões.
Resumindo, o caos já estava anunciado, visto que os produtores não tinham experiência e não levaram a sério a organização do evento, deixando tudo para a última hora e contando com a sorte, que nem se houvesse um milagre, o festival aconteceria com sucesso. Que esse caso de fracasso sirva como lição para que outros festivais (não necessariamente luxuosos) tenham a responsabilidade de produzir algo de qualidade e no mínimo dentro da expectativa do público.
Bruna Antero
Pós-Graduação em Engenharia de Marketing (USP); Graduação em Administração (UFPR PR); 13 anos de experiência nas áreas de marketing, trade e vendas. Onde encontrar: em algum palco underground explorando novos artistas e em alguns afters