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Entrevista | L_cio conta sobre novo álbum "Plants" e sua performance no The Town

Laura Paro
We Go Out

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L_cio (que se pronuncia Laércio), conhecido também como “o homem da flauta transversal”, é um dos maiores nomes da música eletrônica brasileira, principalmente da cena underground. Por ser um artista multifacetado e com uma gama de expressões musicais, L_cio possui uma série de colaborações, projetos e lançamentos situados entre o meio de produção acústico e sintético, mostrando ser um bom instrumentista e intérprete ao vivo. 

O paulistano marcou presença em peso no palco New Dance Order do The Town, que trouxe uma nova narrativa e uma experiência inédita ao transitar pela cena cultural de São Paulo, através de uma cenografia totalmente imersiva. No dia 07 de setembro, L_cio subiu ao palco com uma apresentação incrível: o set “L_cio Plants Live”, inédito e exclusivo para o festival. O set girou em torno de seu último álbum Plants, que conceitualmente representa a celebração de todas as coisas que nos unem no planeta. Assim, já é de se imaginar que sua apresentação no único palco de música eletrônica do festival foi única, entregando uma experiência singular ao público e criando uma metáfora sonora. 

*Imagem: Paulo Oliv

Confira agora, com exclusividade, como foi para o L_cio viver a experiência de tocar no New Dance Order:

Fala galera do We Go Out, estamos aqui no The Town com Laércio, L_cio… Falando um pouco do nome do projeto, você está acostumado com as pessoas te chamar de Lúcio?

Tô muito feliz de estar aqui e, sim, confundem com Lúcio, Élcio, Laerte… Mas meu nome é Laércio, e podem me chamar de qualquer dessas coisas, não tem problema não.

Perfeito, a gente acabou de ver o seu show e foi um espetáculo! É possível ver o esforço que vocês fizeram, o tamanho do projeto em cima do palco… Eu queria que você contasse um pouco mais tanto do projeto do álbum "Plants", quanto de como foi essa performance?

Então, é um projeto bem especial pra mim porque são três anos de produção com muitas parcerias legais: com a minha mamãe, com o Bica que eu trabalhei no Teto Preto, com o Bertoldi que é um menino que eu conheci na pandemia com a produção… Tem o Jon Dixon do Underground Resistance que não pôde vir mas participou na terceira música, envolvimento com Dudu Marote… O plano era realmente estrear o projeto e o álbum num espaço especial e o The Town foi esse espaço que felizmente nos acolheu! Eu tô muito contente que o álbum vai sair ainda, então quem esteve aqui pôde ouvir o álbum todo de primeira mão.

E vamos falar um pouquinho do conceito criativo de “Plants”. Acho que você passou a mensagem de que realmente é um ciclo inteiro, né? 

Sim, que vai desde o orvalho à germinação… Todos os processos. Eu realmente tenho um convívio com as plantas muito antigo. Assim, acho que todo mundo tem, mas a minha foi um pouco mais aplicada, eu fiz até um curso de Permacultura na época de faculdade, trabalhei com horta em escola e quando eu tive a possibilidade de fazer um álbum, uma homenagem, né… No primeiro álbum homenageei minha cachorrinha que já faleceu, mas estava viva quando homenageei. Então, as plantas, enquanto estão vivas, a gente pode quem sabe homenageá-las. Toda parte visual foi desenhada pela Lynna, artista visual, também minha companheira, mas que fez todas as artes à mão. Inclusive essa camiseta aqui é da Pornograffiti, de que é uma marca que nos veste e fez a coleção do álbum… Então é um projeto muito especial porque foi tudo muito bem amarrado, Dudu Marote na mix, Pimpo Gama na master… Tem toda uma uma família envolvida e um processo parecido com o crescimento, que é orgânico, que não é tão apressado e que culminou nessa nova semente, né? Então quem sabe a gente toque mais esse projeto.



*Imagem: Paulo Oliv

E onde você tá pensando em tocar? Onde as pessoas vão poder encontrar o projeto?

Bom, provavelmente eu vou fazer um lançamento em algum bar de audição, mas depois eu devo fazer isso em alguns festivais que eu pretendo estar presente. São lugares que normalmente eu não poderia estar com meu live, mas de pista quem sabe eu tenho um show que eu consiga também estar presente em outros espaços, né? Tô muito feliz só de ter tocado aqui, já bati uma meta muito bonita na minha vida.

E aí vamos falar de um momento muito especial, que foi a tua mãe no palco. Acabei de ver ela passando aqui mega emocionada, acho que está mais que você… E por exemplo, eu trouxe meu pai hoje pra cá! Pra você, no palco com ela, eu queria entender: qual foi a influência dela na tua vida musical?

É uma nova realização. A gente tocava na igreja, somos de família Adventista, então minha mãe é organista de órgão tubular. Inclusive, a última vez que a gente tocou junto foi na Catedral da Sé se eu não me engano… Eu tinha uns 14 anos, foi um concerto lá e tocando os boleros de Ravel! Eu era pequenininho ali, fui o único que acertei da orquestra, um parou e eu continuei… E ficou um solo lindo, minha mamãe também tocou e hoje foi uma realização! Porque minha mamãe parou de tocar órgão por muitos anos. Eu também tinha parado de tocar por muitos anos e hoje foi uma realização muito bacana de um processo criativo dela, ela tem quase 70 anos, tá criando música e tocando por uma juventude tão bacana. Eu realmente me emocionei, fazia tempo que eu não ficava tão emocionado assim!

Eu imagino o baita exemplo que ela foi pra você! Inclusive o meu pai tava olhando assistindo o show. Ele amou, e acho que isso fez a conexão dele com a música eletrônica a olhar a coisa do instrumento. Então, parabéns por isso e por abrir muitas portas para as pessoas que tão entrando nisso, ou que querem ouvir uma coisa diferente! Parabéns!

Ah, que bom! Se ele gostou, eu tô feliz. E sim, dá pra se fazer muita coisa diferente. Muito obrigado mesmo!

Laura Paro

Laura Paro

Graduanda em Jornalismo (PUC-SP). Onde encontrar: nas pistas onde o techno prevalece

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