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Future Rave | Saiba mais sobre essa estética que veio para ficar!

Otávio Apovian
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Que a música eletrônica se reinventa a cada dia não é mais novidade para ninguém, aliás, sua elasticidade é um dos fatores de tanto sucesso e crescimento incomparável fazendo novos fãs a todo momento. O amplo espectro sonoro que a música eletrônica abraça varia em forma, tamanho, cor, tom, direção, sentido, função e energia. Por vezes, a tamanha diversidade da música acaba criando inertes zonas de conforto, tanto para os fãs quanto para artistas, produtores de eventos e todo o maquinário que faz a cena funcionar, e foi desse conforto, costume e inércia que o Future Rave surgiu.

Pensado desde o início como um movimento, os DJs e produtores David Guetta e MORTEN, que dispensam apresentações, desenvolveram algo novo que foge de uma construção ou gênero específico, mas que se estrutura numa estética particular que remete ao tecnológico, moderno, futurista e afiado, maleável e flexível para que encaixe nos diferentes formatos e gêneros da música eletrônica.

Origem

A estética do Future Rave veio da necessidade de fazer a cena da música eletrônica Mainstream respirar. Com tantos anos seguindo a mesma fórmula, a cena passou a carecer de algo novo, que fosse fluido e fresco, que pudesse se encaixar nos diferentes formatos de música eletrônica Mainstream, principalmente as presentes nos grandes festivais.

O DJ, produtor e astro da música eletrônica mundial David Guetta é conhecido por ter trazido importantes mudanças na dance music que conhecemos hoje, e de forma quase incansável, se renova e propõe mudanças à cena como poucos. A mesmice que tomou conta dos mainstages dos maiores festivais de música eletrônica ao redor do mundo aliada aos novos olhares para o cenário Underground - também explorado por Guetta - fizeram com o que se conhece hoje como Future Rave tomasse cor e forma, pelas mãos do francês.

"Foi muito interessante, na verdade, porque lembro que quando comecei a trabalhar nesse som, ele parecia muito óbvio para mim, e naquela noite - no AMF 2019 - o que era só um som, tornou-se um movimento, e eu amo isso. Levou pelo menos um ano para funcionar, apesar de achar que funcionaria imediatamente porque realmente parecia óbvio, mas enviei para os DJs e esperava que todos me dissessem “oh meu deus, isso é incrível” – mas até meus amigos, eles ficaram tipo “hm… obrigado por enviar”, e eu fiquei tipo, sou eu? Eu sou louco? E isso me lembrou que sempre leva tempo. E no Amsterdam Music Festival, sim, eu comecei a tocar esse som, lembro que Tiësto estava lá, ia tocar depois de mim, e quando eu saí do palco ele estava tipo “isso foi realmente impressionante, parabéns pelo set, é um som muito novo”. Então minha reação foi tipo ok! Alguém notou! Mas é verdade que levou provavelmente 8 meses para ser realmente totalmente adotado pela cena." - David Guetta

Ao lado do DJ e produtor dinamarquês MORTEN, David Guetta criou não só uma estética musical, mas também um movimento. O Future Rave chega para criar um elo entre a sonoridade mais presente no meio Underground com a vibe e a energia explosiva e expansiva dos mainstages dos grandes festivais.

Tudo começou com o EP "New Rave", com quatro faixas produzidas por David Guetta e MORTEN, que imprimem com maestria a união de mundos que os artistas propõem.

"Eu senti que o EDM ficou muito preso a um formato, que perdeu seu espírito de explorar, deixou a liberdade de lado, e eu estava frustrado como DJ, porque eu tinha muito interesse na cena Underground, mas como eu toco em festivais, quando toco tracks Underground, a pista não responde bem. Logo, me senti pressionado a tocar EDM, mas quando eu toco, sinto que estou tocando uma faixa que foi feita 5 anos atrás. Então eu estava tipo ok, eu preciso encontrar uma solução para isso, uma track que eu queira tocar. Minha ideia foi mergulhar no que estava acontecendo no meio Underground, Techno, Melodic Techno e Tech House, trazendo a sonoridade da música de rave com muita potência. Eu realmente acredito que os produtores de EDM são alguns dos melhores produtores do planeta, mas naquele momento eu senti que minha criatividade estava mais no underground. Basicamente, o que pensei foi pegar a essência do underground e fazer com que soasse enorme como o EDM pode ser, e também trazer de volta a emoção do Trance, apesar do termo trance ser recebido pelas pessoas como uma palavra ruim. Então pensei que ia trazer alguns desses elementos de Trance, mas talvez feito de uma maneira diferente e muito legal. É essa combinação de todas essas influências que tive com o MORTEN, e agora as pessoas estão realmente interessadas nisso!"

O que é

O Future Rave nasce como uma plataforma aberta a ser explorada, excedendo as barreiras de gênero e com uma proposta de inovação sonora. Trazendo um ar fresco e novo, mesclando elementos típicos do Underground como kick e bass muito poderosos e mais profundos com sintetizadores enérgicos e abertos, proveniente dos sons mais recorrentes nos Mainstages dos principais festivais, o Future Rave se molda às sonoridades de cada um dos artistas, podendo soar mais ou menos intenso, se adaptando à cada gênero e estética da música eletrônica.

A nova vibe vem tomando conta dos palcos dos maiores festivais e principais eventos de música eletrônica Mainstream ao redor do mundo, com os próprios criadores do movimento criando suas próprias festas com o mesmo nome. O Hï Ibiza, um dos mais renomados clubs do mundo, recebe uma residência com David Guetta e MORTEN convidando artistas como ARTBAT, James Hype, Tchami, Vintage Culture, Kevin De Vries entre muitos outros.

Conhecendo a linha de som desses artistas, a sensação inicial para muitos pode ser de estranhamento, visto que cada um segue uma vibe própria e única, mas nesta residência, os artistas trazem sua própria sonoridade unida à nova estética, criando uma atmosfera nova e particular, que é o Future Rave.

Future Rave no Brasil

No Brasil, um dos principais representantes do Future Rave é o DJ e produtor DEADLINE. Com diversos lançamentos que trabalham a nova estética, o artista vem encabeçando a vinda do movimento para o país, com releituras e remixes de tracks que vem ganhando suporte dos principais nomes da música eletrônica mundial como David Guetta, MORTEN, Vintage Culture, Armin Van Buuren e entre tantos outros, nos principais palcos de festivais, clubs e radio shows.

"O Future Rave traz muito do Underground para a forma como o EDM era feito, principalmente a parte do Techno Melódico. É a intersecção entre o EDM Big Room e o que rola atualmente com o Techno Melódico, então é o som Underground, mais fechado, sendo levado ao Big Room." - DEADLINE.

Como um terreno fértil e disposto a ser alterado, trabalhado e desenvolvido, o Future Rave chega ao Brasil e, em contato com as mentes criativas do nosso país, vai formando sua cara própria. O DJ e produtor VINNE é um bom exemplo disso. Fugindo da sonoridade inicial proposta por David Guetta e MORTEN, o artista transforma o som, mantendo sua essência e trazendo uma energia nova e única, que vigora em frescor e chama a atenção da pista por isso. Sua faixa "Pó de Anjo" chegou aos ouvidos dos produtores gringos que a tocaram no show Future Rave no The Brooklin Mirage, marcando mais uma vez o Brasil na história da música eletrônica.

Com um futuro incrivelmente frutífero pela frente, o Future Rave é uma estética e um movimento que veio para ficar, lembrando sempre a indústria de como se renovar. Mais uma vez mostrando com toda a força que a música eletrônica é viva e em constante mudança, o Future Rave faz a cena dos festivais respirar, abrindo um corredor inteiro de novas portas, oportunidades e possibilidades a serem exploradas, mesclando o Underground com o Mainstream, em forma, som e vibe.

Leia também: David Guetta e MORTEN apresentam Future Rave no Hï Ibiza

Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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