Entrevista

Go Girl #45: Aline Rocha e a House Music em sua forma mais pura

Otávio Apovian
We Go Out

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Aline Rocha vem há 17 anos construindo sua carreira, ganhando cada vez mais notoriedade no âmbito nacional e internacional, sem dúvida é um dos nomes mais quentes da House Music no Brasil. Em 2020, Aline tocou em dois festivais virtuais da Defected Records, uma das gravadoras de House Music mais respeitadas do mundo, dividindo line-ups com Carl Cox, Purple Disco Machine, Bob Sinclar e Sam Divine, e foi aí que o Brasil passou a ouvir mais seu nome.

Em 2021 Aline Rocha conquista mais um marco na carreira. Mantendo o relacionamento e parceria com a Defected, a artista marcou presença no Defected Festival Croatia, que reuniu os maiores nomes da House Music mundial. Diretamente da Croácia, Aline fez uma turnê pela Europa, passando por Montenegro, Sérvia e finalizando no Reino Unido, no icônico Ministry Of Sound. De volta ao Brasil, a DJ e produtora retornou ao palco do Green Valley e fez sua estreia no Laroc Club.

Num ritmo imparável, Aline Rocha chega em 2022 maior do que nunca, como a única brasileira residente no Defected Brasil, que chegou a São Paulo em abril, e trouxe Sam Divine, Gorgon City, John Summit e Vintage Culture. Logo em seguida chega o anúncio de que tocaria no Defected Croatia novamente, e dessa vez se apresentou quatro vezes durante a semana do evento, com direito a boat party e tudo. Em seguida da sua programação bombástica pelo verão europeu, Aline Rocha estreiou no Warung e fez uma apresentação histórica no palco New Dance Order no Rock In Rio, onde fizemos uma entrevista incrível com a artista.

O Go Girl de hoje é com ela, Aline Rocha, diretamente do palco New Dance Order no Rock In Rio!

Aline Rocha

  1. Tudo bom, Aline? Como você está?
  2. "Estou bem, melhor agora! Melhor agora, já toquei, passou o nervosismo, agora eu estou relaxada!"

  3. Como foi essa apresentação pra você? A galera toda gritando seu nome, curtindo as músicas… como foi essa emoção? Conta pra gente!
  4. "Olha, pra uma menina que veio do interior de São Paulo, de Franca, que é uma cidade relativamente pequena, sertaneja, onde a música eletrônica não tem tanta visibilidade… o tanto que a galera de lá estava falando esses dias, saindo no jornal… é uma conquista muito grande. Apesar de já ter 17 anos de carreira, e apesar de já ter passado por vários lugares, as pessoas ainda estão começando a ouvir falar no meu nome. O Rock In Rio veio complementar tudo que vem acontecendo comigo e na minha carreira. Acho que dá uma dimensão para o brasileiro, como se pensasse "nossa se essa pessoa está no Rock In Rio então é legal mesmo". Então para mim foi muito importante e muito especial estar aqui e no finalzinho do set a galera gritando meu nome… isso é muito especial, eu fico emocionada!"

  5. E fora o Rock In Rio, você acabou de voltar de uma tour pela Europa, junto com a Defected! Como foi?
  6. "Na Defected temos muito dessa relação de respeito e carinho. Eu sentia muito a ausência de pertencer a alguma coisa, de fazer parte de alguma coisa, e dentro da Defected eu pertenço a algo, a um lugar, onde as pessoas realmente se gostam, se apoiam e se ajudam. Essa atmosfera bem familiar é muito importante para mim, não só como artista, mas também com a Aline ser humano. Nós artistas somos uma empresa, mas ao mesmo tempo a gente é um ser humano. A gente vive nessa balança, equilibrando a pessoa física com a pessoa jurídica, então quando você se sente pertencente àquele movimento, é algo muito especial, além, é claro, de ter dado uma visibilidade muito legal que às vezes eu custava conseguir aqui no Brasil. Então quando a Defected me deu atenção e confiou em mim, mudou tudo. A pandemia foi um momento muito triste, muito ruim, mas  prosperei no âmbito profissional, porque eu consegui alcançar várias coisas, várias pessoas. A Defected estando ali me impulsionando, contribuindo comigo, depois o convite para o Defected Brasil e aí não contente, já com dois festivais na Croácia que eu toquei com eles, esse ano eu toquei quatro sets na Croácia então foram duas boat parties. Agora o convite para tocar em Amsterdam na Glitterbox, o que pra mim é muito especial, porque eu venho do Disco."

  7. Nessa turnê foi a primeira vez que você tocou em Ibiza?
  8. "Assim, eu saí da Croácia, fui para Ibiza, dormi, e no dia seguinte já fui embora de Ibiza, então nem valeu, foi só pra tocar, e falar que toquei em Ibiza, agora eu preciso voltar e ficar pelo menos um mês, pra conhecer!"

  9. Aqui hoje, no dia das mulheres, só mulheres incríveis, conta pra gente um pouquinho quem foram suas referências, quem são suas referências hoje de mulheres na música?
  10. "Olha, tem tanta mulher massa no Brasil, tanta mulher fazendo trabalhos incríveis e que às vezes tem pouca visibilidade…  Hoje é um dia muito especial porque além de inspirar, incentivar, para que pequenos clubes e grandes eventos coloquem mais mulheres. Até citando a Defected, esse ano tiveram muito mais mulheres na programação. Eles são engajados nesses movimentos de trazer mais igualdade, são bem amorosos em relação a isso, falam da importância de dar mais espaço, dar mais visibilidade. E como é bom a gente ver isso acontecendo aqui no Brasil… Eu acabei de chegar e já vivendo essa experiência aqui, torço muito para que isso inspire os clubs, festas menores, festas no interior principalmente. Eles acham que estão cumprindo cota contratando uma mulher só, então isso tem que ser falado, isso tem que ser conversado, e quando a gente fala sobre isso, não é que a gente é chata, é que a gente quer pertencer! Eu estou falando tanto sobre pertencimento, a gente quer pertencer, a gente quer fazer parte, gente quer ter a chance de mostrar nosso trabalho que nos empenhamos tanto, e que isso inspire novas meninas que tão vindo por aí, que eu acho que é o mais importante. Meninas do interior, que assim como eu vieram de uma cidade pequena, sertaneja, que olhem e pensem "eu posso estar lá, eu posso conseguir conquistar isso" e isso é muito especial. Vocês entendem que o Rock In Rio, com um dia todo formado por mulheres, quantas meninas estão assistindo a isso tudo e falando assim "um dia pode ser eu"...  Temos aí ANNA, Eli Iwasa, Mary Olivetti, Ella De Vuono…  que line incrível de mulheres cheias de personalidade, me sinto honrada de estar com elas por que é um dia onde cada uma passa sua mensagem, faz o seu trabalho e traz o amor na música, a música é o mais importante."

  11. Pra fechar, quais são os planos para o futuro? O que que vem de Aline aí, algum spoiler assim, além da Glitterbox?
  12. "Tem lançamento de música, tem a Glitterbox em Amsterdam, tem mais datas internacionais acontecendo que infelizmente eu não posso falar, mas adoraria…  Agora eu vou focar aqui no verão do Brasil, tem um monte de coisa acontecendo pra mim aqui!

"Réveillons muito legais, eu não posso anunciar ainda mas eles tão vindo aí!  Muitos réveillons em lugares paradisíacos, eu adoro essa atmosfera, tem tudo a ver com o house, com a alegria, energia, mar, praia… Lançamento de música também, eu estou produzindo com pessoas fora do Brasil, porque o house é muito gringo e a gente tem dificuldade, as vezes, de encontrar vocais no Brasil, aqueles vozeirões do house, então eu estou buscando isso tudo fora, é um processo mais lento, meu processo é mais lento… vou no meu flow, produzo tudo com muito carinho, por que o house é isso, é amor, é inspiração, é voz, é sintonia então eu quero trazer tudo isso e fazer um trabalho bem feito e não um trabalho em massa. Então está vindo bastante coisa, elas estão em andamento, e é isso, espero que agente se veja mais vezes em momentos lindos como foi esse!"

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Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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