Entre tantos desafios que a pandemia nos trouxe nestes últimos tempos, um deles tem sido o convite para se reinventar. Quando pensamos na esfera profissional, fica difícil imaginar algum tipo de atividade laboral que não se metamorfoseou desde 2020. Agora, imagine a figura do DJ. Não é exagero dizer que esses seres capazes de colocar os pés de qualquer pessoa sob seu controle, ficaram por certo tempo à deriva. Se ter feeling de pista é item primordial da cartilha, agora o convite é: feeling de pista… sentada.
Isso porque, ao passo que a vacinação avança, começamos a visualizar uma luz no fim do túnel. Mas, infelizmente, essa chave não vai virar de um dia para o outro, já ficou claro que, para fazer certo, terá de ser gradativo e com responsabilidade. Em outras palavras, a tão aguardada retomada do DJ está sendo no formato apelidado de “bar”, com as pessoas sentadas ou separadas em lounges. Mas tem gente que tira essa missão de letra.
Kaká Franco é um tipo de regente de pista de dança, um pesquisador insano que sabe contar a famosa “história”, quem o viu, sabe que sim. Recentemente, ele experimentou exatamente isso que relatamos acima: tocou no Âmbar, um bar novinho em folha, na região central de Curitiba. Um espaço de lazer que nasceu dentro da pandemia, com essa filosofia de metamorfose forçada do início do texto. O conceito é justamente proporcionar um momento de bem-estar ao ar livre para que você se lembre do que é bom: viver a vida lá fora com quem a gente gosta, algo que, entre idas e vindas, tem sido desafiador também.
Kaká comenta que já tocou bastante em festa para público sentado na carreira, como no Taj e no We Are Bastards, onde foi DJ residente. Recentemente, assumiu também o comando do Hangar T6, em Florianópolis, onde pôde sentir essa mudança.
Como os tempos são outros, é preciso revisar a capacidade de tocar neste formato e entender o novo feeling de pista, adaptações inevitáveis pela demanda do momento, mas que também podem trazer novas facetas para muitos profissionais do ramo.
Hoje, Kaká compartilha conosco cinco dicas para comandar uma pista sentada. Vem ver!
Kaká Franco
Repertório é tudo nessa vida
Entenda o local onde irá tocar, o público que frequenta o espaço e separe um repertório adequado. Aposte em vertentes como Ambient e Lounge Music. Leve muita música, muito mais do que você costumava levar e vá entendendo a pista.
Controle aquele desejo súbito de subir o volume
Nesse caso, menos é mais. Volume é outro ponto crítico que requer muito cuidado. Um bom indicador é quando o promoter, dono de clube ou técnico de som pede para você aumentar, mas cuidado, aumente gradativamente. Lembre-se sempre que as pessoas que estão sentadas, querem jantar e conversar, observe o comportamento das pessoas enquanto a música rola. Se notar caras feias ou gente se inclinando, é sinal que você ultrapassou o volume ideal.
Seja versátil e tenha sacadas criativas para surpreender
Aposte em beats mais quebrados em alguns momentos com Jazz, Blues, Breaks, Trip Hop.
Essa variação é ótimo para mudar a vibração do ambiente. Uma sequência de beats muito marcada, pode saturar a cabeça do público, tenha em mente que sua música precisa ser agradável ao ponto de quererem dançar, mas se começarem a dançar, volte duas casas.
Vocal: todo mundo curte, mas cuidado!
Estratégia sempre bem-vinda, mas saiba dosar. Lembre-se sempre que a voz está em uma frequência que compete com a nossa fala e no começo da noite você pode atrapalhar os trâmites entre público e staff. Se o ambiente for muito grande e estiver com pouca gente, o vocal pode ecoar de maneira indesejada, então deixe para aquele momento onde os clientes já se sentem mais à vontade pra tentar cantar a música junto. Isso vale também para sons de Saxofone e Trompete, melhor somente quando o lugar estiver com um número maior de pessoas.
BPM ideal?
BPM alta ou baixa não é indicador que sua música está certa ou errada. Aqui o senso de DJ tem que falar mais alto, a levada tem que ser suave, independente de quantas batidas por minuto está. Controle muito sua ansiedade, na dúvida opte por baixar o ritmo.
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Uma publicação compartilhada por Kaká Franco (djkakafranco)
Por Maria Angélica Parmigiani
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