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Entrevista: Polo & Pan comentam sobre Lollapalooza e relação com o Brasil

Otávio Apovian
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Polo & Pan é um duo musical francês formado por Paul Armand-Delille, também conhecido como Polocorp, e Alexandre Grynszpan, ou Peter Pan. Seu som é único, mesclando música eletrônica, indie e música do mundo, usando samples de diferentes culturas, como brasileira, africana e asiática, e combinando com batidas modernas.

O álbum de estreia, "Caravelle", lançado em 2017, foi um sucesso imediato, e veio cheio de referências brasileiras com músicas como "Plage Isolée", "Canopée" e "Dorothy" e "Zoom Zoom". Eles já colaboraram com outros artistas conhecidos, como Channel Tres e Timothy Brownie. Em 2020, lançaram o álbum "Cyclorama", aclamado pela crítica, com participações da cantora francesa Camille e do músico argentino Kaleema.

O duo já se apresentou em lugares importantes como o festival Coachella, nos EUA, e o Festival de Cannes, na França. Em 2018, tocaram na Ópera Garnier, em Paris, considerado um dos lugares de música mais icônicos do mundo, e a apresentação foi muito elogiada pela crítica. Desde então, Polo & Pan tem feito shows em lugares de prestígio ao redor do mundo e continua a ganhar cada vez mais fãs com sua música envolvente e inovadora.

Batemos um papo muito legal com Polo & Pan, em que comentam sobre seu show no Lollapalooza Brasil, sua relação com nosso país, além de referências artísticas, planos para o futuro e muito mais, confira!

Polo Pan

Sua música é divertida, groovada, cheia de referências internacionais, eclética e única. Quais são as referências e inspirações artísticas para vocês criarem esse tipo de som?

"Alex e eu nos conhecemos tocando no Le Baron e éramos DJs que tocavam de tudo, em casamentos e festas para gente mais velha, na época, nós conhecíamos os clássicos, então a gente sabia o que funcionava e o que não. Outra coisa interessante é que temos muitos gostos em comum, como pela música clássica, hip hop francês, Soundsystem, Giorgio Moroder, um monte de coisa variada e aleatória, então pensamos em misturar tudo isso, construir um formato de som que funcione bem na pista e ao mesmo tempo tenha espaço, groove e que capture as jóias das culturas que amamos. Sempre fomos bem livres com nosso som e com as inspirações, trabalhamos com muita coisa, amamos música latina, música clássica, Walt Disney, todas essas coisas. Foi uma escolha consciente construir e fomentar essa música positiva, mas ao mesmo tempo bastante original. Geralmente é mais fácil ser profundo quando é melancólico e triste, as pessoas tendem a compreender melhor, então é um desafio fazer música que seja crível, que tenha credibilidade e que convença sendo alegre e leve"

Ainda falando sobre suas referências latinas, sinto que a faixa "Zoom Zoom" é quase uma homenagem ao Brasil, então queria saber sobre sua relação com nosso país, quais são suas referências, que artistas vocês têm ficado de olho, e qual foi a ideia por trás da faixa?

"Eu tenho uma conexão bem especial com o Brasil, porque meus pais moraram aí antes de se casarem, durante os anos 70. Meu pai trabalhava na Amazônia numa fábrica de produção de papel, e sabia tocar violão muito bem. Ele tocava Bossa Nova, várias coisas do Brasil e América Latina com o violão, mas também tocava música clássica como Bach e coisas do tipo, então eu cresci com esse som me cercando. Por exemplo, o violão em  "Canopée" sou eu tocando coisas que me inspiraram na infância. O Alex também é um grande pesquisador de sonoridades e ele com certeza trouxe um ar positivo ao projeto, focando bastante na música latina. Nos encontramos aí, nessa mistura de sonoridades e numa pegada positiva e divertida. 

Na nossa Mixtape "Home Sweet Home" nós tocamos uma faixa de um artista chamado Yaguareté, que tem um projeto que se chama YEL, é um cara que a gente curte muito, e colaboramos com ele quando fomos ao Brasil há duas semanas. Outro cara com quem trabalhamos na ida ao Brasil foi o Fatnotronic, então são dois projetos que realmente curtimos trocar no estúdio, e foram sessões que renderam bem, inclusive até consegui tocar uma das tracks que fizemos na noite anterior. Ficamos muito felizes por termos tido tempo de trabalhar com esses caras incríveis, e com certeza pretendemos fazer mais vezes, inclusive achamos Baile Funk muito legal também. Não tenho nomes na cabeça agora, mas pretendemos voltar ao Brasil para trabalhar com nomes atuais da cena, não só gente mais velha. 

Minha paixão mesmo pelo Brasil é com Edu Lobo e esses clássicos dos anos 60 e 70… é um som tão bonito, e é muito legal que rolavam muitas parcerias entre artistas do Brasil e da França naquela época, a cena francesa estava muito inspirada, então temos muitas músicas aqui com referências dos anos 60 e 70 do Brasil. Com certeza o nosso primeiro álbum, "Caravelle", teve o Brasil como uma das principais conexões, e queríamos muito ir até aí, e finalmente conseguimos!"

Falando sobre seu show no Lollapalooza Brasil, como vocês se sentiram tocando aqui pela primeira vez? Como foi a experiência?

"Bom, nossas expectativas estavam super altas! Foi incrível, apesar de termos tocado ao mesmo tempo que outros grandes artistas. Tivemos uma experiência ótima na América do Sul em geral, e Brasil foi incrível, amamos o show, mas o mais legal para nós foi ir ao estúdio com esses artistas incríveis, tocando num club depois, pegando um pouco de como é a energia em São Paulo, como as pessoas festejam na rua, é tão diferente. Nunca vi energia urbana desse jeito, e é só o começo para nós, foi uma experiência muito breve então estamos animados para voltar!"

Certamente vocês serão muito bem recebidos todas as vezes que vierem para cá, mesmo fora dos festivais, tocando em clubs ou shows só de vocês mesmo! 

"Sim, nós queremos muito ter a experiência dos clubs brasileiros, de repente fazer shows nossos mesmo, ou só conhecer os promoters e produtores de eventos do Brasil e tocar nos eventos locais, o que é uma ótima forma também para conhecer gente"

Para fechar, quais novidades vocês podem compartilhar conosco?

"Bom, temos mais uma Mixtape para sair em breve chamada "Odyssey of Polo & Pan", que vai ter 25 tracks exclusivas, algumas que podem chegar em lançamentos futuros, muita coisa que não vamos poder lançar por termos usado vários grandes samples, então vai ser uma Mixtape especial feita só com sons ainda não lançados, que deve chegar em Abril ou Maio. Estamos trabalhando no nosso terceiro álbum, então vamos lançar um EP com algumas, acho que três faixas, antes do Verão, fim de Maio ou começo de Junho, então estamos bem animados com isso! 

Em Setembro temos mais algumas tracks para sair, e a ideia mais para frente ainda é ter outro álbum lançado em 2024. Também pretendemos dar uma pausa em Setembro, por uns seis meses. Vou viajar o mundo com a minha esposa e com certeza iremos ao Brasil e aproveitar esse tempo para reenergizar a criatividade, para ter certeza que o terceiro álbum venha à altura dos outros, e que venha sem pressa!"

Acompanhe o duo Polo & Pan no Instagram e no Spotify!

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Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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