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Tomorrowland Winter 2019: Acertos e pontos a melhorar da primeira edição

Jode Seraphim
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Depois de viver sete dias intensos, ainda é difícil colocar em palavras o que foi a experiência de viver a mágica do Tomorrowland Winter 2019, em um cenário totalmente diferente, com muita neve!!

Na escolha do pacote para o festival era possível optar por sete ou quatro dias. No nosso caso, chegamos bem no comecinho de tudo e foi a melhor coisa que nós fizemos. O complexo do festival envolvia cinco vilas, sendo a Alpe Dhuez a principal, e quatro que eram acessíveis por lifts (tipo teleférico) ou shuttles (ônibus): Oz, Auris, Villard Reculas e Vaujany. Cada vila ficava a uma distância diferente do centro, que era onde ficavam os principais palcos do Tomorrowland. Nós ficamos em Vaujany, a vila mais longe e que demandava mais de uma hora de shuttle ou pegando quatro lifts para chegar até lá.

No total eram 11 palcos, sendo 5 no espaço principal: Mainstage, Garden Of Madness, Orangerie, The Moose Bar e Éden, que funcionavam em horários diferentes: os palcos abertos fechavam mais cedo e os palcos cobertos continuavam até o final do festival, que encerrava às 2h da manhã. Também tinham três palcos nas montanhas: O Top of the Mountain, palco mais alto que ficava a 3.300 metros de altura no Pic Le Blanc, o Amicorum Spetaculum e o Love, que em dias bonitos tinham uma vista sensacional das montanhas.

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Tomorrowland Winter 2019

Foram três dias de "esquenta", com apenas alguns palcos funcionando, como foi o caso do Orangerie, que tinha uma estrutura super bonita, com uns vitrais que lembravam uma igreja, e juntava quem já estava no local até às 20h todos os dias.

Nós nunca tínhamos feito nenhum esporte de inverno antes, então aproveitamos os primeiros dias antes do festival acontecer de fato para aprender e explorar cada cantinho de lá. Fizemos aula de esqui e descemos algumas pistas iniciantes, mas a maioria da galera que já esquiava ou fazia snowboard passava horas descendo as pistas mais arriscadas.

No segundo dia uma tempestade caiu sobre as montanhas, o que atrapalhou bastante a logística do festival. Vários lifts foram fechados e a locomoção entre os palcos ficou a tarde toda interditada. Algumas pessoas que estavam nas outras vilas não conseguiram chegar até a parte principal, e algumas atividades extras como restaurantes e atividades a céu aberto foram canceladas. Tínhamos um almoço de Fondue agendado e não conseguimos chegar por falta de acesso ao local.

No quarto dia o The Gathering foi planejado para acontecer nas quatro localidades diferentes. Cada vila tinha seu próprio line up, sendo que os artistas e o tempo de festa eram bem melhores em Alpe Dhuez (entro em detalhes mais pra frente!). Foi quando aconteceu a estreia do Garden of Madness e ali ele já se consagrava como um dos melhores palcos do festival: enorme, coberto, com uma decoração linda e que teve alguns dos melhores sets.

Os três dias de festival foram cobertos de neve, que deixava o Mainstage com um visual ainda mais incrível. A estrutura, apesar de bem menor do que conhecemos na Bélgica, tinha um formato similar, com a pista arredondada e elevada no final, com uma ótima vista para quem estava no Comfort Zone ao fundo. A locomoção entre os palcos foi um desafio a mais, já que em alguns locais formava uma camada de gelo que deixava tudo muito escorregadio. Era normal ver várias pessoas levando tombos enquanto dançavam por lá!

Enquanto uma galera fazia esqui ou snowboard, outras pessoas circulavam pelas pistas, principalmente nós brasileiros que não estamos acostumados com temperaturas tão frias! Pegamos temperaturas de -10ºC a 10ºC, sendo que o dia que fomos para o Top Of the Mountain estava -15ºC e a sensação térmica era muito abaixo disso!! Roupas apropriadas - térmicas e impermeáveis - foram imprescindíveis para conseguirmos curtir. Além de vinho quente e shots de destilados que também ajudavam nos momentos mais frios!!

No line up tiveram artistas se revezando entre os palcos e tocando mais de uma vez no festival. Como destaque podemos falar do set surpresa do Armin Van Buuren no The Gathering, que incendiou o Garden of Madness mostrando que o festival tinha começado de fato, os sets de Joris Voorn, Kolsch, Claptone e Charlotte de Witte - que pra nós fez um dos melhores sets do Tomorrowland, e o encerramento do Mainstage com a sequência Lost Frequencies e Martin Garrix.

Ah, e melhor do que os sets foi a companhia. Nós estávamos em um grupo de mais de 60 brasileiros, que criaram uma vibe sensacional no festival. Encontramos diversos mais brasileiros por lá, por volta de 200. Era muita bandeira do Brasil espalhada por todos os cantos, e sempre você via um grupinho de brasucas interagindo!

Foi incrível curtir os sete dias vendo DJs nas montanhas com visuais maravilhosos e ter uma experiência que foi uma das mais diferentes das nossas vidas. Mas, claro, nem tudo foi perfeito! Como esperado para uma primeira edição de festival, tiveram alguns detalhes que a produção acabou não se atentando e impactaram na experiência do Tomorrowland Winter 2019. Por isso, resolvemos listar quais foram, na nossa opinião, os principais pontos positivos e negativos do festival:

Pontos Positivos do Tomorrowland Winter:

- Visual dos Alpes:
Uma das principais memórias que teremos do festival certamente será da paisagem de "Capa de Windows" que os Alpes Franceses oferece! Podíamos estar passando o perrengue que fosse, o frio, o cansaço, era só olhar para aquelas montanhas cobertas de neve que nos sentíamos em um lugar único. Melhor ainda quando era acompanhado de boa música eletrônica e a magia do Tomorrowland. Pouquíssimos festivais no mundo podem oferecer um visual tão lindo quanto lá.

- Gift Bag:
Que surpresinha boa! Todos que compraram o pacote do festival tinham direito a uma gift bag, que era uma mochila com cachecol, óculos de sol e adesivo oficiais do Tomorrowland. Tudo foi super útil, principalmente os óculos que eram essenciais para quem ia para o alto das montanhas, pois a neve reflete a luz e machuca o olho.

- Vilas ao redor com comércio:
Como o espaço não era reservado 100% ao Tomorrowland Winter 2019, as vilas funcionavam com mercados e restaurantes que tinham mais opções de comida/bebida e aceitavam o pagamento em Euro, não em Pearls. Então comer e beber acabou ficando muito mais barato fora do festival!

- Experiências diferentes:
Fondue com vista para o festival, paragliding, pista de patinação, piscinas térmicas, passeios na neve e muito mais. As opções de atividades extras eram várias e quem se planejou com tempo e dinheiro conseguiu explorar bem a região.

- Vibe:
É Tomorrowland, né gente? Pessoas do mundo inteiro curtindo, com sorriso no rosto e uma bebida na mão independente do frio! Para nós o festival é um dos melhores do mundo e a experiência na neve deixou tudo mais inesquecível.

Pontos a melhorar do Tomorrowland Winter 2019:

- Vilas muito longe e não imersas ao Tomorrowland:
Como dissemos ali em cima, todos os dias demoramos mais de uma hora no trajeto de ida e volta para o festival. Os shuttles só foram disponibilizados para ida até Alpe Dhuez nos últimos três dias, e a partir das 18h (sendo que o festival começava às 12h), então faltou uma melhor logística para quem não estava no centro - afinal nem todo mundo topa pegar os lifts que ficam "pendurados" em uma altitude insana hehe. Além disso, o espaço não foi reservado exclusivamente para o Tomorrowland, então você andava nos mesmos locais que famílias que tinham ido para esquiar e os vizinhos / seguranças das vilas reclamavam de barulhos nos apartamentos e de conversar muito alto na rua.

- Faltou informação e equipe treinada:
Desde quando fomos pegar o shuttle na saída da estação de trem em Lyon, notamos que não tinha uma plaquinha indicando o local de espera, e diversas pessoas reclamaram disso nos outros pontos de partida. Além disso, muitos motoristas se perderam e não sabiam como chegar no destino final e onde deixar as pessoas em cada uma das vilas. Outro ponto é que, em inúmeras vezes que fomos tirar dúvidas com alguém do staff, ficou clara a falta de alinhamento da organização. Escutávamos toda hora eles respondendo: "não sei te informar", ou respondendo em francês, e ficamos com a sensação de que não levaram uma grande equipe com experiência da Bélgica para lá e que não treinaram tão bem os franceses terceirizados.

- The Gathering:
O The Gathering na nossa vila (Vaujany) tinha um line up de 4 DJs, sendo que o principal era Nico Morano. O The Gathering de Alpe Dhuez tinha Yves V, Sunnery James e Ryan Marciano e teve como surprise act Armin Van Buuren. Meio injusto para quem pagou o mesmo valor no ingresso, não é mesmo? Não havia transporte de volta para quem era de outras vilas pois a indicação era de não sair de onde você estava hospedado. Nós arriscamos e foi muito por pouco que não ficamos presos em Alpe Dhuez até o outro dia, mas valeu muito a pena!!

-Line Up sem muita variação:
Vimos ótimos sets durante o festival, mas não tem como não achar estranha a repetição dos artistas entre os palcos e dias do evento. Não entendemos qual foi a lógica dessas escolhas, visto a grandiosidade do Tomorrowland. Também achamos que os estilos musicais podiam ser mais explorados, já que amantes de outras vertentes fora house/EDM estavam sendo representados por poucos artistas.

- Lockers:
Quem era de outras vilas tinha acesso a um locker de graça para mochilas e equipamentos de esqui que ficava a 15 minutos do espaço principal do festival, o que era ótimo. Porém a mudança de temperatura dos palcos abertos para os cobertos era drástica, e só havia uma opção de locker para deixar os casacos dentro do festival, perto do Garden Of Madness e era pago. Como a essência do festival é a preocupação com a experiência das pessoas, achamos que faltou um pouco de sensibilidade de disponibilizar os lockers, já que a solução foi deixar os casacos no chão da pista amontoados em grupos!

- Dificuldade de locomoção:
Dançar no mainstage era uma tarefa de equilíbrio, já que o espaço tinha algumas descidas e a neve se transformava em gelo. Vimos muitas pessoas se machucarem - inclusive uma brasileira do nosso grupo quebrou o pé. Faltou um pouquinho de cuidado em garantir que as passagens e os espaços principais estivessem transitáveis. Eles colocaram alguns pisos de borracha em áreas específicas, mas a quantidade poderia ser bem maior.

- Pearls mais caros que na Bélgica:
Na Bélgica o Pearl vale 1,56 euros, no Winter valia 2,14. A "inflação" deixou as comidas e bebidas mais caras - um hamburguer simples de 6 Pearls custava 60 reais, então o preço foi bem maior do que estamos acostumadas. Confira o post Quanto Custa ir para o Tomorrowland Winter para vocês terem uma noção de todos os valores, mas já adiantamos que é um evento mais caro que o da Bélgica!

- Variações Climáticas:
Sabemos que isso não é um ponto diretamente ligado à produção do festival em si, mas não tem como não comparar o clima com a experiência no evento. Nossa expectativa era de viver um festival com céu azul, sol e as montanhas branquinhas de neve no fundo. A realidade foi de nevascas brutas, temperaturas que batiam -10 graus e apenas dois dias que o sol apareceu e ajudou nas fotos e na experiência como um todo!

Tomorrowland Winter 2019

Resumindo: o Tomorrowland Winter tem vários pontos para ajustar para a edição de 2020, para criar uma experiência ainda mais incrível para o público, mas a ideia e a execução de um festival no meio da neve valeu muito a pena. Se pudermos, voltaremos no ano que vem com certeza. Ter a possibilidade de esquiar e ter um visual maravilhoso pela janela todos os dias antes de curtir os palcos foi sensacional.

Tomorrowland Winter 2019

Leia Também: Quanto custa ir para o Tomorrowland Bélgica?

Jode Seraphim

Jode Seraphim

Graduação em Marketing (USP); 1 ano de experiência em Marketing Digital na DHL (Alemanha); 12 anos de experiência nas áreas de marketing, mkt digital e trade. Onde encontrar: comemorando os fogos no mainstage

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