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Festas em Tulum continuam acontecendo enquanto México alcança 3º lugar em mortes por COVID-19

Otávio Apovian
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Tulum, cidade costeira que fica ao sul da Península de Yucatán, é sede de grandes festas de música eletrônica, e a pandemia não foi suficiente para que os eventos cessassem. Alguns desses vídeos são do festival Art With Me, e a grande maioria deles mostram pessoas sem máscara dançando próximos uns dos outros.

O governador de Quintana Roo, Carlos Joaquín González, emitiu um mandato de uso máscara para todo o Estado depois que o número de casos da Covid-19 aumentou. Em janeiro, o New York Times noticiou que o México registrou o terceiro maior número de mortos do mundo, ultrapassando a Índia. O número de mortos continua na terceira posição mundial.

Em entrevista para o Resident Advisor, o DJ Bushwacka comentou:

"Tenho sentimentos divididos sobre a maneira como as pessoas estão fazendo as coisas. É um pouco estranho saber que não há problema em fazer coisas no México, mas todas as pessoas que estão chegando vêm de lugares onde as coisas não estão bem

Só não parecia o momento certo quando os aeroportos estavam fechando por todos os lados, as restrições de viagem de muitos países estavam ficando cada vez mais rígidas e as pessoas estavam ouvindo não voe a menos que seja necessário. Parecia que havia uma espécie de legitimação acontecendo."

O clima quente do México durante todo o ano e as restrições relaxantes da Covid-19 o tornam um destino muito atraente para festas. DJ Snakeman, metade de Father & Son, contou como a dupla veio tocar em Tulum. " Estávamos em Ibiza e, como todos os lugares estavam fechados, decidimos vir para Tulum", disse ele. " Era o único lugar do mundo onde aconteciam festas e tudo estava aberto."

Snakeman disse que se sentia seguro para tocar porque ele e seu parceiro Andy Cly (que também é seu filho) já eram imunes ao Covid-19, tendo contraído o vírus em Agosto do ano passado. Uma pesquisa recente sugere que uma infecção por Covid-19 pode proteger uma pessoa contra uma reinfecção por pelo menos cinco meses, mas sabe-se que as pessoas contraem a infecção novamente e infectam outras. Snakeman aconselhou aqueles que não contraíram o vírus a ficarem em casa, mas não viu problema em ir a festas para aqueles que considerava imunes.

"Se as pessoas ainda não tiveram, claro, têm que ter cuidado porque o vírus pode ser perigoso, mas da minha parte, não sei se é preciso desativar toda a economia"

Quintana Roo, onde Tulum está localizado, tem uma das menores taxas de mortalidade quando comparada a outros estados mexicanos, de acordo com o New York Times. Mas, como o festival Art With Me mostrou, participar de raves no exterior pode levar a surtos em outros lugares. O Daily Beast relatou sobre os participantes que ficaram doentes e descreveu o festival como um evento de superespalhamento do COVID-19

Alguns dizem que os clubs em Tulum contribuíram para a economia local. Outros dizem que a falta de apoio governamental no Reino Unido e na Europa forçou DJs a trabalhar no exterior para se manterem financeiramente à tona. Bushwacka! não se convenceu:

"Talvez alguns desses DJs sentissem que realmente precisavam estar lá e realmente precisavam de dinheiro mais do que pensar se estavam potencialmente colocando a vida das pessoas em risco", disse ele. "Eu não sei, essa é a decisão deles. Mas eu pessoalmente questiono isso."

O We Go Out sugere que todos sigam as recomendações de prevenção ao coronavírus, seja reforçando o uso da máscara, evitando aglomerações e denunciando festas e eventos clandestinos.

Leia também: Tudo o que você precisa saber sobre o adiamento do Tomorrowland 2021

Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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