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DGTL São Paulo 2022: saiba como foi o esperado retorno do festival!

Otávio Apovian
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O DGTL São Paulo 2022 foi desenvolvido junto da árdua tarefa de recriar a imagem da marca no Brasil. Com isso em mente, a nova direção que assumiu o comando do festival se viu à frente de um importante desafio, que traria consequências rigorosas para a marca DGTL.  

A feliz escolha do Pavilhão de Exposições do Anhembi, local inédito na história do DGTL, permitiu que a montagem do festival seguisse os padrões da marca de origem na Holanda. Com três palcos completamente imersivos, a experiência sonora criada superou as expectativas e uma sensação de alívio tomou o peito dos fãs mais atentos logo quando chegaram: não havia conflito sonoro entre os palcos. A qualidade do som era de altíssimo nível, criando uma experiência agradável com pressão sonora e equilíbrio correto de frequências, que resultava na insistente, mas feliz, dificuldade de deixar a pista. 

A entrada do evento aconteceu pela Avenida Olavo Fontoura, e após entregar 1kg de alimento não perecível, obrigatório pela meia entrada social, o comprovante de vacinação foi exigido. A primeira impressão ao entrar no evento de fato foi bastante positiva. 

Do lado de dentro das portas, o DGTL criou um ambiente que desafiou tempo e espaço, com três palcos e atmosferas completamente diferentes entre si, mas que à sua maneira se complementavam e proporcionaram uma experiência única e que certamente ficará guardada na memória. Modular, Generator e Frequency. Esses foram os ambientes que acolheram os fãs de House, Melodic Techno, Hard Techno, Tech House, Disco, Techno Industrial entre muitos outros gêneros e vertentes do cenário underground da vasta música eletrônica. 

O palco Frequency foi o primeiro contato do público com o festival. Com uma atmosfera leve e produção visual eletrizante, o espaço foi ilustrado pelas sonoridades voltadas à House Music e Disco por alguns dos principais nomes do gênero, ao lado de novos artistas extremamente talentosos que não deixaram a peteca cair em nenhum momento.

Os destaques desta edição do palco Frequency ficam com o B2B de Suze Ijó e Fafi Abdel Nour, que trouxeram uma sonoridade alegre, cheia de grooves e com bastante referência ao Micro House e Deep Tech; Denis Sulta com toda sua espontaneidade, brilho e repertório extrovertido que levou o público numa jornada delirante e feliz. Gerd Janson não fez por menos e ofereceu um dos sets mais saborosos do festival. A energia era leve e positiva, com tracks floridas e repletas de groove, coloridas com sons hipnotizantes voltados ao Indie Dance. Por fim, entregando o encerramento merecido para o DGTL São Paulo, The Blessed Madonna levou os entusiastas do palco Frequency à mais completa euforia com clássicos da House Music e Disco. As sensações no encerramento eram uma mescla de clareza e disposição, com leveza e alegria: a maneira correta de se finalizar o palco Frequency.

De maneira antagônica, mas não menos divertida, o palco Generator foi responsável por um verdadeiro terremoto sonoro. Num aspecto geral, é incomum uma curadoria de artistas com tamanha potência e energia no Brasil. Grata surpresa. Das vertentes mais energéticas do Techno com BPM elevado, a sonoridade do espaço foi tomada por Hard Techno, Industrial, Breaks entre muitas outras cores e formas. A liberdade total dos artistas permitiu uma sequência que não dava descanso. DJ após DJ, track após track, não havia misericórdia. Os destaques do palco Generator vão para os estreantes e vencedores do Concurso TECHNERA, o duo Código Vermelho, que abriu o espaço dedicado às sonoridades maciças e intensas. Faixas autorais enérgicas mostraram a força do projeto e o motivo de terem vencido a competição de maneira mais do que merecida. Avançando ao começo da noite, o alemão Klangkuenstler mostrou a que veio com seu som original altamente potente voltado à estética do Hard Techno. A sensação era quente. A troca entre DJ e público no palco Generator foi marcante, valiosa e extraordinária.

Na sequência de destaques vem a sueca SPFDJ. Nome altamente esperado pelos entusiastas das sonoridades mais sombrias, a artista mostrou ao público o motivo de seu prestígio: seleção musical afiada e poderosa que não dava brecha para a energia cair. Quando se pensava que talvez não fosse possível ir além, Dax J apareceu já mostrando o contrário. BPM notavelmente mais elevado e tracks ainda mais potentes, densas e robustas tomaram a pista, que respondia o estímulo de maneira análoga. Coroando o palco Generator, o misterioso, performático e absolutamente poderoso I Hate Models. Nome raro no Brasil, o artista era um dos mais aguardados dos fãs de sonoridades mais intensas. Criando uma verdadeira jornada com tracks autorais muito esperadas, além de outras que proporcionaram um passeio atmosférico com muita energia, coloridas com sonoridades do Full On, Industrial e Hard Techno, I Hate Models amarrou as pontas do laço do palco Generator e entregou um verdadeiro presente ao DGTL São Paulo 2022.

Saindo da pista, os bares estavam dispostos por toda a extensão do espaço, em todos os palcos e em áreas centrais. Ponto positivo para a organização, já que comprar bebidas e carregar o cartão de consumação não foi uma dificuldade. Os banheiros, por sua vez, também não foram pontos de atenção, dado que estavam disponíveis em grande quantidade e próximos a todos os palcos. Outro quesito feliz foi a praça de alimentação, que seguindo os princípios de sustentabilidade da marca DGTL, contava com uma boa variedade de tipos de comida, todas vegetarianas ou veganas com opções para todos os gostos. 

Depois de passar no banheiro, comprar um drink e recarregar as energias, a próxima parada foi o Modular. Mais distante em relação aos outros dois palcos, e voltado para o lado oposto, o espaço foi reservado para uma mescla de sonoridades que viajaram do Melodic House, Melodic Techno, Techno Hipnótico, Industrial e sonoridades mais intensas. Um espetáculo à parte, o palco Modular tinha a maior estrutura do DGTL São Paulo, abrigando uma pista de dança que também comportava mais pessoas. Um dos nomes mais aguardados da noite, Jan Blomqvist fez a espera valer a pena e apresentou um set em formato live act que arrepiava a cada acorde e a cada batida. Interagindo de maneira elegante com o público, o artista mesclava sua voz suave e leve com sonoridades eletrônicas e orgânicas, criando uma experiência etérea.

O alemão Innellea também entregou uma apresentação live de tirar o fôlego. As tracks emocionantes com melodias envolventes construídas ao vivo criaram uma memória forte positiva em quem estava na pista, sua potência era evidente, distinta e enfatizada a cada novo som. Len Faki mudou o rumo do palco Modular, apresentando um set dançante, robusto e cheio de groove, decorado com a estética do Techno Hipnótico, se destacando no espaço. Finalizando as mais de 16 horas de festa e celebração da música eletrônica underground, estava a belga Amelie Lens. Como de costume, a artista não decepcionou a pista e, com sua sonoridade intensa, ardente e forte, entregou o momento final que o público merecia. Faixa após faixa, o set de encerramento foi construído e lapidado como uma homenagem ao DGTL São Paulo 2022. 

Quando o relógio bateu às 8:00 da manhã e a última batida foi tocada na estrutura do palco Modular, a sensação era confusa. Plenitude, conforto, euforia, alegria, êxtase. O DGTL São Paulo 2022 enfrentou um importante desafio, e transformou a dificuldade em força, criando uma das noites mais especiais da história da marca, dezesseis horas de celebração à música eletrônica, com respeito, emoção, amor, potência e energia e que sem sombra de dúvidas deixou um gosto de nostalgia instantânea em todos os fãs.

Leia também: Entrevista | Innellea comenta sobre apresentação no DGTL São Paulo e mais!

Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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