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Entrevista | ANNA faz história e toca nos três dias de Tomorrowland Brasil

Otávio Apovian
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Marcando a história da música eletrônica brasileira, a DJ e produtora ANNA foi responsável por três apresentações inesquecíveis e icônicas na terceira edição do Tomorrowlan Brasil. Ao lado de Ida Engberg, Kölsch e e Vintage Culture, a artista conquistou cada um dos presentes na pista. Batemos um papo muito especial com ela no festival, vem conferir!

Sem palavras, prazer, que honra estar aqui com você. Eu não sei se se você tem essa sensação do que que é pra nós mulheres estar presente na cena eletrônica, o trabalho que você tá fazendo, acho que isso é uma inspiração pra todas as mulheres, e eu queria falar um pouquinho sobre isso; não queria entrar de novo na pauta "mulher na cena" e tal, imagino que cê já passou por muitas etapas dentro disso, mas reforçar o fato de que realmente você é uma pessoa muito admirada aqui mesmo estando lá (na Europa), e eu acho que a gente olha e todo mundo reconhece o que você tá fazendo lá, então saiba que você é muito amada por aqui também!

Obrigada!

Me conta um pouquinho disso assim, esse processo um pouco de como foi encarar monstros lá fora né, uma galera super da antiga, da pesada e você conseguiu entrar ali e ser super bem aceita dentro da música eletrônica fora.

Cara, eu comecei muito jovem então não foi de uma hora pra outra sabe, eu comecei com 14 anos, descobri como, autodidata ali, como mixar, como mexer nos equipamentos, então foi pouco a pouco, aí eu descobri como tocar, descobri o feeling de pista e aí eu cresci, ganhei meu espaço nos clubes do Brasil, pequenos e tudo mais,  mas isso foi me dando feeling de pista, entendendo como funciona e qual é a arte da discotecagem. Conheci vários DJs tocando nos clubes, indo pras festas e tudo mais, e aí chegou a hora de mudar pra Europa pra expandir também. Pouco a pouco aprendendo, estudando bastante, então nunca foi intimidante pra mim, foi sempre um processo de descoberta assim. Eu também nunca senti rejeição ou preconceito, se teve, não dei atenção, se veio, bateu e saiu porque eu amo tanto que eu faço, sempre amei desde criança que eu comecei com 14 anos.

Como é um passo de cada vez, é isso a conquista ela não dá aquele susto talvez né?

É exatamente isso, não foi do dia pra noite, então eu fui construindo uma base sólida, me tornando pronta pra enfrentar qualquer coisa. Não fica tão intimidante, você fica mais segura e isso é importante. Ter aquela base sólida te dá muita segurança pra, cara por exemplo, eu posso tá aqui tocando depois do Jeff Mills, mas eu vou me garantir.  Eu posso tá aqui fazendo meu Warm Up, tocando num horário headline que eu eu vou saber o que eu tô fazendo. 

Eu acho que isso é a dica pra muitas das carreiras por aí,  né … tipo calma, constrói a tua porque quando o negócio acontecer, você vai estar preparado,  vai aprender mas pelo menos não tem esse gap tão grande né?

Pode acontecer de você começar e ter a explosão do dia pra noite o que também é ótimo que também significa que a sua energia tá pronta! Você tá pronta pra tá ali mas se você tem que construir um pouquinho a pouquinho isso te dá a segurança de tá onde quer que seja!

Que legal! Vamos falar um pouquinho de Amparo, a tua cidade, que é aqui perto. E eu queria saber: você sendo da região do interior de São Paulo, como que vê agora a cena?  De quando você começou era aquela coisa que não tinha nada praticamente 'era tudo mato', vamo dizer, na música eletrônica e agora temos aqui em Campinas, Valinhos, um centro da música eletrônica. Você está acompanhando o Gate 22 da Eli (Iwasa), CAOS…  Como você está vendo esse crescimento da região?

Eu conheço alguns clubs da região, quando eu comecei realmente não tinha nada assim na minha cidade de Amparo. Devia ter alguma coisa em Campinas eu lembro do Kraft, eu não sei se vocês lembram, mas não tinha nada. Era o meu pai fazendo uma pista do club, fazendo música eletrônica, ninguém entendia, muita gente julgava; até a família julgava porque no começo tava indo bem, vinha a gente, mas depois de um tempo não tinha ninguém no club e meu pai continuava insistindo aquela música estranha que ninguém entendia e todo mundo tipo: 'você precisa tocar sertanejo, precisava fazer dinheiro', e assim meu pai insistia naquilo. Quando eu comecei assim não tinha, e eu também não podia viajar então tudo que eu conhecia era o que meu pai trazia sabe. A gente ia pra São Paulo comprar disco, e aí eu conheci o DJ Marky vendendo disco pro meu pai, aí o Marky começou a vir tocar no club um pouco antes ele ficar super famoso, mas assim na ali na região não tinha nada e a gente começou a fazer festinha eu e meu irmão.  A gente trazia os panos neon assim, e era a gente, tinha uns núcleos em Serra Negra de Psy Trance também bem pequenininho mas hoje em dia cresceu.  Assim, o Brasil é o único país que tem o Tomorrowland, né? De fora da Bélgica sem ser o Tomorrowland Winter, a gente cresceu absurdamente desde que eu comecei.

E Itu recebendo toda essa galera… quando que iam imaginar?!

E o interior também tem muitos núcleos, além de clubes e tudo mais, a Eli (Iwasa) é a rainha ali do interior...

E os independentes… uma galera super nova trazendo umas coisas diferentes, né?

Exato, é muito legal.

A diversidade que tem agora é uma coisa muito maravilhosa que antes eu sentia muita falta, inclusive quando eu saí do Brasil eu sentia falta da diversidade. Quando eu comecei a tocar então… mas agora sim a cena está se diversificando cada vez mais! 

E vamos falar um pouquinho de Tomorrowland Brasil! Você vai tocar nos três dias, e assim, é um marco! Hoje você toca com a Ida (Engberg)...

Isso, com a Ida no Palco Essence By Becks, e acho vamos um pouco mais hard! Temos que sentir a energia da pista, mas acho que hoje vai ser mais energético por conta do line up e tal. Amanhã é Mainstage e eu vou mostrar a diversidade do meu som. Pra quem não sabe eu toco do mais melódico e groovado até um techno mais rápido e energético. Quero fazer essa jornada em uma hora, que é o tempo que eu tenho, passando dos 126 até os 140 BPM.  Último dia, sábado, todo mundo empolgado pro Vintage Culture!

Não foi nossa ideia, foi uma ideia do Tomorrowland e ele apresentou pra gente a gente falou "Yes!"... 

E vocês já eram amigos, próximos antes? 

A gente não era amigo, a gente não se conhecia, acho que a gente se cumprimentava, mas a gente tá criando uma relação agora super… eu tô sentindo ele meu irmão, sabe? A gente tá criando uma uma relação, tá ficando bem próximo e a gente tá super empolgado de fazer esse back to back. 

Criamos uma música juntos  e que já temos o nome.  Foi uma pessoa que deu esse nome, uma menina, mas eu não vou falar sem o sem o Lukas… Mas é uma palavra indígena, que tem um significado super forte, mas eu ainda não vou falar sem o Lukas, mas e é um nome lindo, e a gente tá trabalhando numa outra track então a gente, cara, foi a melhor coisa sinceramente.

O que o Tomorrowland não faz pela pra unir pessoas né? A prática da história do Tomorrowland aqui!

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Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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