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Entrevista: Mezomo conta sobre sua carreira diretamente da cena gaúcha para o mundo

Bruna Antero
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Se estamos falando de Afro House, o DJ e produtor gaúcho Mezomo pode ser considerado como uma das grandes referências nacionais, já que conseguiu encontrar a combinação perfeita entre elementos musicais e culturais orgânicos junto das batidas eletrônicas. Tanto que neste ano de 2020 ele nos presenteou com mais de dez lançamentos entre labels nacionais e internacionais, como Seres Produções e Cocada. Os releases vieram com emocionantes mensagens que celebram a bagagem cultural e espiritual brasileira, faixas que enaltecem desde os ensinamentos indígenas sagrados, como os pontos cantados aos Orixás na Umbanda e Candomblé. 

Convidamos Mezomo para falar um pouco sobre seus planos, processos criativos na quarentena, carreira e detalhes que carrega em sua rica bagagem musical. Confira:

Olá Bruno, tudo bem? Primeiramente parabéns pelos lançamentos do ano. Vemos que a quarentena, embora as dificuldades, está sendo um período prolífico para você. Conte-nos um pouco como está sendo produzir durante esse período longe das pistas.

Olá pessoal, obrigado pelo prestígio! A batalha continua. Esse é o período mais complexo da carreira de qualquer jovem artista da atualidade. Está realmente difícil manter a saúde mental, as contas em dia, e o foco criativo após esse ano interrompido. Porém, não resta outra saída além de focar a energia na criatividade e na produtividade.

Foi o que fiz durante a maior parte desse período, estudando, criando e aperfeiçoando os materiais. Pude produzir bastante coisa nova no estúdio, desenvolver novos conhecimentos, descobrir novos timbres, ideias…

A multiculturalidade é algo sempre presente em suas faixas. Como se dá o processo de absorção dessas culturas para dentro do seu mindset produtivo?

Acredito que essa característica é comum nos jovens da minha geração, que cresceram conectados em um mundo globalizado, em uma mistura de culturas, tecnologias e sonoridades. Somos formados por várias faces, temos curiosidade por vários assuntos e conhecimentos. 

E esse mix acaba vindo à tona quando é nossa hora de criar, de colocar pra fora a junção de ideias que mesclamos na cabeça. O processo acaba acontecendo naturalmente, com aqueles pensamentos, leituras e influências se conectando e guiando o processo criativo nas suas etapas iniciais. 

Quando você começou a produzir, você já trazia para dentro da sua assinatura essa característica entre o orgânico e o eletrônico? O que mudou de lá para cá?

O instinto em misturar essas características sempre existiu. Percebo ao ouvir meus primeiros sets e produções e ao reparar em minhas influências desde o início. Mergulhei no universo eletrônico ouvindo um techno mais melódico e logo descobri o afrobeat e seus grandes expoentes e variações. Essa fusão veio a definir minha visão artística. 

O que mudou foi a habilidade de transformar esse instinto em realidade. A capacidade técnica de traduzir minhas influências e ideias em material, em música. Isso veio com o tempo, com bastante prática, e tende a continuar expandindo. 

Você já transcendeu a relevância em âmbito local e nacional, para agora assumir um posto de referência internacional para o Afro House. Como você se sente representando um pouco da nossa cultura para o mundo afora?

Feliz demais em já ter dado esses passos até aqui e muito motivado para continuar trilhando essa estrada. É bonito ver a nova safra de produtores da nossa cena nacional alcançando novos patamares e colhendo frutos do empenho e profissionalismo apresentado. Sou constantemente grato por poder integrar essa turma e poder contribuir na expansão da mensagem de nossa música e de nossa cena pelo mundo. 

Na sua opinião, o que é fundamental para os produtores atingirem o patamar das grandes gravadoras?

É fundamental alcançar um elevado nível técnico e criativo nas produções, e isso vem apenas com a consistência no estúdio, com muitos e muitos projetos iniciados e finalizados. Ter a arte em alto nível é fundamental.

Depois é necessário ter uma marca estruturada, ser um artista vendável, que se porte como uma marca, que permita que a gravadora vislumbre ganhos e veja um trabalho profissional sendo realizado. Tendo a arte em bom nível e a marca estruturada, basta fazer um contato educado com labels coerentes com a proposta musical apresentada, e então ter paciência para aguardar a resposta e serenidade para lidar com as primeiras recusas. 

E como estão os planos para 2021 do projeto Mezomo? Vem novos lançamentos em breve?

O principal plano é voltar pras pistas com todo mundo vacinado. Pra poder tocar os lançamentos do ano que passou e os que já estão encaminhados para o ano que virá!

O ano já começa com remix para o Mumbaata em janeiro, mais dois remixes em fevereiro e um EP de originais por uma nova gravadora gringa para fechar o primeiro trimestre. Que 2021 traga a possibilidade de realizarmos todos os nossos planos, obrigado galera, boas festas para todos!

Saiba mais sobre o Mezomo aqui.

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Bruna Antero

Bruna Antero

Pós-Graduação em Engenharia de Marketing (USP); Graduação em Administração (UFPR PR); 13 anos de experiência nas áreas de marketing, trade e vendas. Onde encontrar: em algum palco underground explorando novos artistas e em alguns afters

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