Entrevista

Go Girl #19: Mary Olivetti é o exemplo de artista que tem a House Music correndo nas veias

Otávio Apovian
We Go Out

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Entrevista

Mary Olivetti sente, respira, vive música desde seus primeiros anos de vida. Filha de um dos maiores produtores musicais do Brasil, além de maestro, instrumentista e arranjador, Lincoln Olivetti, Mary está envolvida no mercado da música nos mais variados meios.

DJ há mais de 20 anos, produtora musical, curadora, radialista... com certeza Mary já viveu um pouco de tudo no mercado, e é uma das pessoas mais experientes da cena atual quando se trata de conhecimento musical. Batemos um papo com ela sobre sua seus projetos e muito mais, confira abaixo.

Hello Mary! Tudo bem com você? Que você esteve próxima da música desde pequena já não é mais mistério pra ninguém, mas conta pra gente, qual foi seu primeiro contato com a house music?

Oi meninas, é um prazer enorme estar aqui com vocês nesta coluna tão inspiradora. Vamos lá! Sobre a música eletrônica, foi inevitável. Eu comecei a me atentar para o "universo paralelo das pistas" exatamente quando a EDM chegou com muita força em terras brasileiras. Por volta de 2000 conheci a noite com as amigas, e em 2002 comecei a tocar em meio à ascensão das raves e festivais no Brasil. Comprava muitos discos, herdei outros de queridos amigos DJs que me incentivaram: House, Funky House, Acid, Techno, Progressive. Viajava para conhecer clubs e DJs de todo o Brasil. Descobri na música eletrônica a energia que queria em uma pista regida por mim.

Quais são suas principais referências musicais femininas (na música eletrônica e no geral)?

São tantas mulheres que me emocionam que seria difícil citar todas aqui. Rita Lee, Maria Ribeiro, Mary Zander, Letrux, Natasha Diggs e a maior referência de todas, minha mãe, são algumas delas. De uma maneira geral, mulheres inteligentes, fortes, de humor sarcástico, coração quente e que entendem bastante de música. 

Em quase 20 anos de carreira musical, tem algum projeto que te marcou, seja pela importância, por ser uma coisa totalmente nova ou uma tour inesquecível? E por que se tornou tão especial?

A tour de lançamento do meu disco pela Plus Talent foi algo especial. A homenagem póstuma que fizemos ao meu pai no Rock in Rio foi inesquecível. Viagens internacionais também sempre são algo generoso, e foram algumas. Sou muito grata a todas as pessoas que me ajudaram a ter boas memórias referentes à minha carreira. Nada me veio fácil, de fato não tive nenhum facilitador e muito pelo contrário, tive que mostrar vigor e talento a cada momento, dentro e fora dos palcos. 

Quando começou a trabalhar nas rádios? Você tem planos para algum novo programa no futuro?

O trabalho em dials FM é sempre muito divertido. Eu comecei na Jovem Pan e por lá fiquei durante 3 anos. Após isso ela foi comprada pela Mix FM e migrei junto. Depois de 5 anos neste grupo o programa foi extinto e fui acolhida pela incrível Oi FM no programa Oi FM Na Pista. Rodamos em tour pelo Brasil levando o conceito da rádio para as pistas, era House Music pura. Em paralelo sempre participei de muitos radio shows no Brasil e exterior — compilar é algo que realmente me dá prazer. Recentemente fundei minha Citronela Radio sediada pela VENENO. Minha Citronela tem um conceito que foca nos estilos musicais latino-americanos provenientes da mãe África e eles são inúmeros: Jamaica, Hawaii, Cuba, Caribe, Colômbia, USA, França, Brasil (claro) e a própria África, dentre muitos outros. 

Agora falando da sua residência na Defected in The House, como rolou esse contato? Como foi a experiência de trabalhar com um dos maiores selos de House music do mundo?

Na época viajávamos muito para Ibiza, Indonésia, França, Nova Iorque, WMC e toda a família Defected estava conosco em clubs (e fora deles). Quando o selo veio ao Brasil lançar a compilação Defected in The House Brazil 11 mixada pelos DJ Meme e Sandy Rivera fizemos uma festa memorável no Pão de Açúcar no Rio de Janeiro. Os artistas que conectavam o selo ao Brasil eram poucos, posso citar Meme (que sempre teve uma forte ligação com a gravadora), Pic Schmitz, Rafael Moraes, Paulo Boghosian, e eu (que ainda não produzia) era residente em festas. Na época foi muito legal fazer parte do time, o que fortaleceu ainda mais meu vínculo com a House Music. A gravadora já era tida como "menina dos olhos" por produtores de todo o mundo, mas haviam outras potências espalhadas pelo globo. Hoje, 10 anos depois, a Defected adquiriu catálogos de outros grandes selos e tomou uma proporção 10 vezes maior do que tinha, portanto esta referência de "maior selo do mundo" é uma concepção mais atual. 

Você é conhecida por ter feito a curadoria para grandes marcas de roupas e grandes empresas, conta pra gente como funciona esse processo de curadoria, e qual foi o job mais desafiador que já assumiu nesta área?

Sim, até hoje atuo na área de identidade sonora e branding para marcas de varejo, e há 13 anos como curadora da Radio Ibiza contabilizo centenas de estudos de clientes sob minha responsabilidade. É desafiador dar "voz" à marca, mas todo o caminho para se chegar em um bom resultado é meu deleite, é onde conheço diversos artistas novos de todos os tipos de sonoridade. Minha afeição pela música brasileira muito se deu por isso. Para a FARM, por exemplo, é necessário buscar em todas as regiões do país o que há de mais novo e também o clássico, isso me deu oportunidade para que eu conhecesse diversas vertentes que jamais conheceria. Um projeto que posso citar como um desafio foi assinar os textos de crítica musical para o portal da VOGUE Brasil durante anos de São Paulo Fashion Week / Fashion Rio. Eu frequentava todos os desfiles e ao final de cada dia da temporada entrava madrugada adentro na sala de imprensa do evento compilando os textos que dissecavam tecnicamente cada uma das trilhas sonoras de cada marca. Muitas vezes fazia entrevistas com os produtores musicais que as tinham assinado ou até com bandas que se apresentavam ao vivo na passarela. Conheci muitas pessoas incríveis no mundo da moda, música e jornalismo.

Tem alguma novidade especial que você possa contar pra gente? Quais são os próximos passos na carreira?

Os próximos passos giram em torno de novos lançamentos, um deles em breve. Meus programas no Citronela são promissores, tenho feito boas alianças com artistas brasileiros que sempre admirei e isso está me divertindo. Um novo programa vem aí, mas em uma rádio internacional. Eu não páro, vivo cansada de tantas coisas que realizo, mas também vivo satisfeita com os resultados! Vamos!

Obrigada We Go Out, foi grandioso participar!

M/

Ficha Go Girl #19 – Mary Olivetti

Nome: Mary Lin Olivetti
Nasceu em: Rio de Janeiro
Música Favorita da vida: "Stay" The Controllers
Collab dos sonhos: B2B dos sonhos: Jimpster
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O quadro Go Girl, em parceria com a SOMUS, tem como objetivo dar destaque as DJs e/ou produtoras brasileiras que têm feito um trabalho incrível na cena.

Leia também: Go Girl #18: Camila Giamelaro, a mulher por trás de projetos como Binaryh, HIATO e GIG Agency

Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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