Thais Barja, mais conhecida só como Barja, é cantora, compositora, DJ, produtora musical e apresentadora. Com identidade única, a artista viaja pelo House e Techno de maneira característica e com muita maestria, levando seu som por alguns dos principais clubs e festivais do Brasil, como Rock In Rio, Lollapalooza, TribalTech, Universo Paralello entre muitos outros.
Barja coleciona lançamentos por importantes gravadoras nacionais e internacionais como Toolroom, Bunny Tiger, Klandestine e UP Club Records, além de ter colaborado com Tim Baresko, Fractall, Rockstead, Dazzo, Volkoder e muito mais. Com milhões de plays nas plataformas de streaming, a artista vem conquistando novos fãs a cada apresentação, que vêm sempre cheias de muita energia e groove.
Nosso Go Girl de hoje é com ela, Barja! Confira o papo:
Oie Barja! Como você está hoje?
"Estou ótima, obrigada, acelerada como sempre!"
Vamos começar lá do começo. Qual foi o momento em que você percebeu na música uma paixão, um laço especial? Como decidiu trabalhar com isso?
"Na verdade eu nasci com isso e meus pais dizem que não sabem bem de onde veio já que ninguém na minha família é músico, eu não conseguia nem pronunciar o “R” ainda e já dizia que seria “cantoLa" quando crescesse. Microfone da Xuxa, vinis, gravador fita k7, sempre foram os meus presentes. Comecei a tocar um piano na casa do amigo do meu pai aos 6 anos, era a música das olimpíadas e só de ouvido! No outro dia meu pai me deu o meu primeiro teclado, ele conta isso lacrimejando, é fofo haha. Na real nunca houve uma segunda opção, nunca nem me imaginei fazendo qualquer outra coisa que não fosse com a música. Fiz conservatório estadual (péssima aluna, hiperativa e ansiosa, queria mais executar do que estudar, TDA brabo que sempre foi a minha luta nos estudos), violão, canto, piano clássico e comecei a compor com 9 anos em inglês, não faço idéia do porque.
Algo nas minhas referências e a fonética me conduziu para dar o meu start assim em outra língua, mas fiz algumas coisas em português também. Comecei a mexer no Fruit Loops aos 15 anos e produzir uns sons meio estranhos de trip hop com referências distintas tipo BJORK, colocava ate risadinha de criança, época também em que comecei com amigos uma banda de garagem bem indie grunge, fazíamos cover de Pixies, Yeah Yeah Yeahs… Aos 17 anos entrei na banda Maria Fumaça, de pop/rock, black music, reggae, samba rock, super mix de cover nacional e internacional, foi quando ganhei meus primeiros 80 reais por show e virou a minha profissão. Não me imaginava como DJ, e rolou de uma maneira mega espontânea, eu falo que não sei se foi a música eletrônica que me achou ou eu que achei ela…mas que foi o melhor encontro da minha vida: fato. Isso que eu ia em festivais de trance quando nova, amava, ja me aventurei na CDJ 200, mas nada além de curiosidade."
Um ponto que te diferencia de outros artistas da música eletrônica é o fato de cantar nas suas produções. Escrever e cantar veio desde a infância ou foi uma habilidade que foi desenvolvendo depois de ser produtora musical?
"Comecei a gravar algumas coisas com o Gabe cerca de 15 anos atrás, mas nunca havíamos lançado. Conheci o Alok e comecei a criar com ele acho que em 2014, foi quando ele me apresentou ao Dazzo, em seguida lançamos na Universal Music, meu primeiro lançamento. Em seguida veio a Sick Sick com o Gabe, rascunho que estava guardada no meu computador há anos, ele transformou a idéia em música eletrônica e aí mudei de carreira. Em 2016 após alguns lançamentos, começaram a me chamar para tocar e eu dizer “mas eu não sou DJ” , daí recebi a resposta de um amigo e contratante da época, o So Fat, “então aprende e vem tocar aqui em Curitiba”. Como eu já era música, tive mais facilidade com a questão do ouvido para então aprender a técnica. Quando me propus a ser DJ perguntei “posso continuar sendo a artista que sou, cantar e não preciso mudar? Ok então serei DJ” e foi assim que tudo começou. Eu sempre fui produtora musical mas de outros estilos, lancei collabs desde então pois queria lançar solo somente quando eu estivesse realmente preparada e apta a produzir assim, comecei um pouco antes da pandemia, e nela me aprofundei e consegui então dar início as minhas tracks como produtora de música eletrônica sozinha, mas foi um baita processo também."
Qual sua relação com as outras artes além da música? Tem artistas de outras áreas que inspiram seu trabalho?
"Respiro e vivo de arte desde que me entendo por gente, nunca tive nenhum emprego na vida que não fosse com isso, ralei um bocado em diversas aéreas artísticas e foi um mega rolê até me descobrir e fazer o que faço hoje (e claro que não foi nada fácil - e demorou um tempinho). Fui radialista, sou formada em publicidade e propaganda, era produtora de vídeo da Globo de Uberlândia, tinha banda, fazia casamentos, sou apresentadora de TV de vez em quando, e todo tipo de arte me inspira, desde o que cresci ouvindo com o meu pai como Sade, Tim Maia, Eric Clapton, até filmes, pinturas, desenhos, edição. Me envolvo em todos os conteúdos que compartilho, desde o meu telão e todas as criações visuais além da música. Razão pela qual fico 24hs acelerada tentando administrar tudo o que gosto e quero fazer. Preciso melhorar isso.
Você já se apresentou em alguns dos maiores club, festas e festivais do mundo como Rock In Rio, Lollapalooza, Ame Laroc Festival, D-Edge, Tribaltech entre muitos outros, e podemos imaginar que você já tenha vivido momentos loucos, especiais e únicos. Qual é o primeiro momento que vem à cabeça, que tenha marcado sua carreira de uma forma especial e particular?
"Não sou boa pra distinguir um único momento ou algo predileto, tenho vários. Mais do que festivais ou clubs relevantes, em qualquer lugar o que vale é o que o público me proporciona, a nossa troca. Como a minha estréia no Ame Laroc Festical que chorei ao ver que a criação que havíamos acabado de finalizar “All night” foi a música que mais bombou do set. Ou na Mandallah 2018 que não consegui nem agradecer de tão emocionada quando toquei pela a primeira vez a “Peace”. O festival Connection que haviam 12 mil pessoas gritando o set todo comigo, esses rolês inesperados de energia eu não consigo segurar o choro. Ou mesmo a vibe da Privilege Buzios quando faço long set e vou com tudo me sentindo literalmente em casa. Posso dizer que me considero uma baita sortuda, é bem forte vivenciar tudo isso, mesmo obviamente nem tudo ser flores, compensa, e muito."
Qual seu tipo de apresentação favorita, num daqueles palcos gigantes de festival, ou num club mais intimista, perto do público?
"Existem festivais e festas como comentei anteriormente, que independente de ser algo imenso ou pequeno, é como o público recebe a música e faz essa troca com o artista ser mais forte, que determina a experiência que iremos ter (juntos). Gosto de sentir essa intimidade com o público, me sinto a vontade e me solto ainda mais…independente do tipo de evento."
O que podemos esperar da Barja ainda para esse ano? Tem alguma novidade especial que possa contar pra gente?
"Fiquei sem lançar por um tempo para aprimorar esse meu lado produtora de música eletrônica e me sentir segura o suficiente para apresentar essa nova fase, não foi fácil, e queria testar pra sentir essa segurança, ja testei um bocado nesses últimos meses, a resposta da pista anda sendo incrível . Pretendo lançar essas tracks novas que venho tocando desde que voltamos a ativa (amém) no segundo semestre. Produções com 100% a minha cara de tudo o que gosto, House, Tech, Melodic, e também algumas collabs. Fiquei durante um período sem lar, nômade e bem desestruturada, acabo de voltar a criar e finalizando mais outras tracks novas. Tenho um álbum com composições mais low/lentas que gostaria muito de compartilhar com vocês, mas acho que esse ficará para 2023 para focar nos lançamentos eletrônicos que preciso soltar logo."
Ficha Go Girl – Barja
- Nome Completo: Thais Dias Barja
- Onde nasceu: Uberlândia MG
- Música Favorita da vida: " putz, várias que marcaram diferentes fases da minha vida: "Glory Box" - Portishead, "The Jean Genie" - David Bowie, "Where is My Mind" - Pixies, "Hard Sun" - Eddie Vedder, "Bom senso" - Tim Maia, Silverchair, Incubus, Foo Fighters, Alanis, depois Disclosure, Flume, Maribou State, Hot Creations (album), Anna… entendeu o vulcão de informações aqui? hahaha"
- Collab dos sonhos: Flume, Disclosure, ANOTR, Jamie Jones, Kölsch.
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Otávio Apovian
Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos