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Por que o Dekmantel foi um dos melhores festivais que já rolaram no Brasil

Bruna Antero
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Para quem não foi no festival Dekmantel, essa frase pode parecer um pouco exagerada, mas depois de dois dias intensos de evento, podemos dizer que não só nós, mas a grande maioria das pessoas que saíram de lá tiveram essa percepção.

Antes de explicarmos os motivos, vamos recapitular os detalhes do festival. A edição brasileira do Dekmantel (e primeira do festival fora da Holanda) aconteceu nos dias 4 e 5 de fevereiro e causou grande expectativa assim que anunciou o line-up, com nomes que dificilmente vem para o País e que juntos, traziam uma diversidade de estilos musicais, não só de música eletrônica como sons experimentais e cheios de instrumentos. Além dos dois dias no Jockey Club, em São Paulo, a festa continuava por toda a madrugada na Fabriketa, com nomes também de peso como Ben Klock e DVS1.

Então vamos contar os principais pontos que nos impressionaram e fizeram do Dekmantel um festival a ser inspirado por todos no Brasil:

1) Entrada rápida e tranquila

Quem estava temendo por filas e muvuca deu de cara com uma entrada tranquila e organizada. O horário de início do evento era meio-dia, mas a grande maioria foi chegando no decorrer da tarde e não teve dificuldade para entrar. Para ir embora, era possível encontrar taxi, Uber e Cabify disponíveis pela região.

2 )Organização primorosa

Vimos pouquíssimas filas nos caixas e nos bares. Os banheiros, além da quantidade suficiente, não eram químicos (sim, dava para dar descarga), tinham papel, muitos com espelho e pias, além de serviço de limpeza durante toda a festa. Lixeiras espalhadas por todos os cantos também ajudaram a manter o festival mais limpo do que o comum.

Dekmantel

 

Na área mais espaçosa do Jockey, em frente à arquibancada, foi montado o Main Stage, com um tamanho ideal para abrigar o público e mesmo assim criar um ar de evento pequeno, sem deixar grandes espaços vazios. A grande sacada foi usar a arquibancada como visualização lateral da pista, aproveitando a cobertura para momentos de chuva (a galera correu toda para lá no sábado quando choveu). Os palcos foram muito bem distribuídos, sem precisar andar muito entre eles e com uma proporção que coube todo mundo da festa.

3) Detalhes que conquistam o público

O festival ainda trouxe mais surpresas quando começou a entregar gratuitamente capas de chuvas para todo mundo, para que aproveitassem a pista sem cerimônias. Ah, no segundo dia, quando o sol estava torrando a galera, a organização também colaborou com protetor solar!Dekmantel

 

4) Palcos onde o destaque era o DJ e a música

A produção do evento se esforçou ao máximo para aproveitar a própria beleza que o espaço oferecia, sem encher de luzes e grandes estruturas de metal. Investiu onde realmente era necessário, como segurança, banheiros, caixas e qualidade do som.

O palco Gop Tun tinha o clima mais diferenciado do festival. Nomes brasileiros super clássicos como Azymuth e Bixiga 70 mostraram seu som em um palco montado em uma estrutura linda que o Jockey oferecia.

 

Ao entrar no palco UFO, que recebeu nomes como Makam, Helena Hauff e DJ Nobu, a impressão é de ter uma pista pequena, tanto que tinha até um controle de acessos sendo feito por seguranças e catracas. Mas ele se provou como um dos melhores, pois tinha um clima de club a céu aberto super diferenciado.

 

Indo em sentido ao palco principal, praticamente no centro do evento estava o palco Selectors. Era sempre uma grande surpresa passar por lá e ver o som que estava rolando e muitas vezes fomos atraídas e ficamos por lá mesmo. Ben UFO e Joy Orbison, além de Dekmantel Soundsystem e Young Marco fizeram a pista ferver por lá.

Dekmantel

 

Já no palco principal, vimos grandes apresentações que estávamos esperando há muito tempo. No primeiro dia, Nina Kraviz apresentou seu Techno pesadíssimo e preparou o território para Jeff Mills, aguardado por muitos por ser a grande lenda do Techno de Detroit. Sua apresentação foi uma das mais elogiadas do festival. No segundo dia, Moodymann, o live do Fatima Yamaha e o fechamento do Nicolas Jaar mostraram que o evento fugiu do obvio e fez o público experimentar diferentes tipos de música.

5) Novidades e surpresas que valeram a pena conhecer

Todos temos ídolos musicais e sonhamos em ver suas apresentações ao vivo. Por isso o festival trouxe nomes muito conceituados no mundo do Techno. Mas o grande diferencial foi trazer nomes novos, que poucos conhecem, para que sejam descobertos em suas apresentações. Sempre tinha um amigo expert que falava “você não pode perder esse DJ que vai começar agora”. Isso fazia nossos olhos e ouvidos se abrirem a uma nova experiência e conhecer novos sons, o que rolou muito por lá, por exemplo no live da DJ americana Aurora Halal.

6) Festa democrática e cheia de estilo

Esse foi um festival super democrático, onde todos tinham o mesmo acesso e caminhavam pelos mesmos lugares. Não tinha VIP nem backstage, o que criava um clima mais amigável, independente de quem cada um é na vida.

Foi impossível andar por lá sem reparar no estilo da galera. O público do festival era mais na linha preto básico do que paetês rosa brilhante que costumamos ver em festivais de EDM. Mesmo assim, as roupas, cabelos, sapatos e acessórios da galera era uma aula de moda para quem gosta do assunto. Como o calor no sábado castigou os que estavam de preto, no segundo dia vimos um ambiente mais leve, com muitas camisetas e regatas brancas, e vestidos mais soltos e floridos. Tudo, claro, sem perder o estilo.

7) Preços aceitáveis

Quando foram anunciados os preços dos ingressos (R$350 a R$500 o weekend ticket, dependendo do lote), muitos acharam caro, mas com certeza valeram cada centavo, pela quantidade de atrações e pela estrutura do evento.

O preço do bar estava dentro do que é praticado em baladas e festivais de São Paulo. A água custava R$7, a cerveja (310ml) por R$12, refrigerante e suco por R$10, energético por R$15 e a dose de vodca R$22. O sistema cashless funcionou muito bem, com o abastecimento dos cartões no caixa e o acompanhamento do saldo em cada compra.

8) Festas na Fabriketa mantiveram a qualidade

Uma coisa muito difícil de fazer é garantir o conforto de tanta gente na Fabriketa, que é um local com espaços apertados e que pode causar muita fila. Mas o evento conseguiu organizar muito bem, fazendo o espaço funcionar com qualidade para que os que quiseram aproveitar a madrugada, pudessem ter uma experiência de alto nível, com som excelente.

Estamos muito satisfeitas de termos participado desse evento e tido uma experiência única, que normalmente só é vista em festivais internacionais, mas que foi provado que é possível ser realizado por aqui. Parabéns ao Dekmantel e ao núcleo Gop Tun que fizeram esse evento acontecer dessa forma. Que venham as próximas edições!

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Bruna Antero

Bruna Antero

Pós-Graduação em Engenharia de Marketing (USP); Graduação em Administração (UFPR PR); 13 anos de experiência nas áreas de marketing, trade e vendas. Onde encontrar: em algum palco underground explorando novos artistas e em alguns afters

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