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Time Warp SP: como foi a edição de 2023 do festival alemão

Otávio Apovian
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De volta a São Paulo para sua quinta edição, o Time Warp Brasil ocupou pela primeira vez o Autódromo de Interlagos. Ano após ano, o festival alemão vem desenvolvendo uma construção muito poderosa no nosso país, o que ficou claro com a edição de 2023. Uma estrutura de tirar o fôlego, dois palcos maravilhosos, um line up formado por gigantes da música eletrônica underground, e uma organização única e preparada para receber milhares de participantes. Uma receita sem erro.

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Chegando pelo Portão 8 do Autódromo de Interlagos, uma caminhada de alguns minutos até começar a ouvir as primeiras batidas à distância. O primeiro contato, passando a fila da revista e da validação de ingressos é um túnel escuro, com lasers e luzes piscantes, que se abre na outra ponta para o início do festival.

Saindo do túnel que representa uma distorção do tempo, chegamos aos lockers, em que os participantes poderiam guardar seus pertences e dançar à vontade sem se preocupar em ficar carregando casacos e bolsas durante a madrugada. Importante ressaltar os lockers poderiam ser adquiridos previamente e que havia a opção de uma pré-recarga nos cartões de consumação, validados por caixas especiais na chegada ao evento. Ainda, antes de chegar no palco Outdoor, estavam dispostos diversos food trucks com opções para todos os gostos, variando de sanduíches, pizzas, lanches e sucos naturais e muito mais, em uma faixa de R$30.

Depois de guardar os pertences nos lockers e recarregar o cartão de consumação, hora do banheiro e passar no bar para pegar o primeiro drink. A estrutura e disponibilidade dos banheiros eram muito boas, apesar das breves filas, ficavam em locais estratégicos próximo às pistas. Assim como os banheiros, os bares também apresentaram uma estrutura satisfatória, com atendentes ágeis e simpáticos, e algumas opções de drinks que poderiam incluir energético ou refrigerante, e variavam de R$35 a R$50, além de cerveja que custava R$16 e água por R$10.

O Backstage contava com uma estrutura muito completa, a começar pelo espaço atrás do DJ, que permitia uma visibilidade muito boa da pista e do artista em ação, em ambas as pistas. Além de bares e banheiros exclusivos, haviam jogos, fliperama, maquiagem, cabeleireiro, até piercings e flash tattoos sem custo algum! Outro ponto bastante positivo da área do Backstage era o "atalho" para trocar de palco, que se dava por uma escada que interligava os dois espaços encurtando a distância entre as duas pistas e facilitava o trajeto para não perder nenhum minuto do seu show favorito.

Finalmente, chegou a hora de ir para a pista! O primeiro que temos contato é o palco Outdoor, responsável por receber House Music e as sonoridades mais leves, melódicas e progressivas. 

Em formato de meia arena, o Outdoor Stage que é conhecido por sua estética industrial tomou forma de maneira ainda mais grandiosa, com holofotes contornando toda a área por trás do palco e do backstage. A atmosfera na pista externa era de expansão, energia positiva e bem estar, parte pela estrutura e claro, pelo line up inacreditável. O Outdoor recebeu na sexta-feira OMOLOKO, Valentina Luz, Chloé Caillet, Bonobo (DJ set), Mochakk, Honey Dijon e The Martinez Brothers. No sábado os responsáveis pelo som foram L_cio (live), Bárbara Boeing, Massano, Ben Böhmer (live), Bedouin, CamelPhat e Adriatique

Mais voltado à House Music na sexta-feira, os destaques da noite ficam com Chloé Caillet, que trouxe sua energia icônica, elegante e envolvente para a pista externa, Honey Dijon, certamente um dos nomes mais aguardados de todo o festival, que não fez por menos e botou a energia lá no alto com uma seleção de tracks ferventes unidas à acapelas clássicas que enchiam a alma e por fim, encerrando o primeiro dia com chave de ouro, The Martinez Brothers encheram a pista de groove com uma pegada latina e cheia de movimento, tracks clássicas e novos hits até o dia amanhecer. Foi só o começo. 

Descendo a rampa em direção ao palco coberto estavam o estande de acessibilidade, para que pessoas com deficiência e mobilidade reduzida pudessem se locomover com mais tranquilidade por todo o festival, e um estande para a conscientização e redução de danos relacionados ao uso de substâncias durante o evento. 

O The Cave, espaço dedicado aos amantes das sonoridades mais profundas, intensas e de alta energia, foi um espetáculo à parte. A icônica decoração do teto feita com esferas que se iluminavam, um painel de led hipnotizantes atrás do DJ, um sistema de som de tremer todos os ossos do corpo e claro, um line up absolutamente bombástico. Na sexta-feira o palco coberto recebeu Sheefit, SHDW & Obscure Shape, Anfisa Letyago, Paula Temple, Adam Beyer e VTSS. No sábado, quem arrebentou no The Cave foram Tessuto, Due B2B Eli Iwasa, Kenya20Hz B2B RHR, Patrick Mason, ANNA B2B Sama’Abdulhadi, Amelie Lens e Héctor Oaks.

Destacaram-se na sexta-feira o duo alemão SHDW & Obscure Shape, que apesar do horário, trouxeram seu som característico,  groove acelerado e movimentado, graves poderosos e com a energia lá em cima, a italiana Anfisa Letyago que mostrou toda sua versatilidade viajando por estilos, brincando com samples e conduzindo a pista de maneira brilhante e Paula Temple chegou com força total, apresentando um som grandioso, que trazia uma sensação de imersão. Uma verdadeira lavada na alma que veio com muitas IDs e alguns clássicos, sem nunca deixar a energia cair. Ninguém do line up estava para brincadeira.  

Logo ao chegar no sábado, notava-se que a noite seria mais movimentada. A pista Outdoor encheu cedo pelos amantes do Techno Melódico que curtiriam uma sequência primorosa de Massano, Ben Böhmer, Bedouin, Camelphat e Adriatique. O alemão Ben Böhmer veio com seu requisitado Live Act, recheado de hits como "Escalate", "Breathing"e “Beyond Beliefs”. Logo em seguida, o duo Bedouin trouxe as influências do Oriente Médio em suas tracks e remixes cheias de melodias envolventes e percussões orgânicas. A dupla inglesa CamelPhat, provavelmente a mais esperada do palco externo no sábado, mostrou o motivo de estar no auge da carreira, alternando o set com clássicos e IDs. O dia nasceu ao som de Adriatique e o sorriso no rosto do público superava o cansaço pela maratona de dois dias intensos de festival.

De volta à caverna, a sequência era sem descanso. Um dos nomes mais esperados do sábado, Patrick Mason chegou mostrando a que veio, com uma seleção de tracks transbordando energia, que combinavam perfeitamente com sua performance elétrica e cativante atrás dos decks. Sem dúvida o agora icônico B2B entre ANNA e Sama’Abdulhadi foi um dos momentos mais poderosos do ano no circuito Techno do Brasil. Uma construção de set primorosa, com muita identidade, IDs explosivas, clássicos bombásticos e uma troca especial com o público, justificam o final emocionantemente ovacionado.

Fechando o festival com sua energia icônica e repertório coeso mas extremamente variado, técnica impecável ao tocar com vinis, o set de Héctor Oaks vai ficar na memória de todos que ficaram no The Cave até o final. Tracks novas e antigas, mas todas cheias de energia e que não paravam de fazer dançar, cortes secos e viradas perfeitas fizeram o set ser inesquecível, levando o público a pedir bis. E o bis veio!

Um dos eventos mais esperados do ano, o Time Warp Brasil trouxe uma programação bombástica, e que como de costume vinha com a rara sensação de ansiar por todos os shows. O festival consegue criar uma atmosfera própria, realmente imersiva e que leva cada participante em uma viagem no tempo. Num estalar de dedos, o final de semana acabou e deixou na memória duas noites especiais com apresentações históricas e que ficarão para sempre registradas na história da música eletrônica brasileira.

Leia também: Time Warp SP 2023 | Guia: tudo que você precisa saber

Otávio Apovian

Otávio Apovian

Graduado em Publicidade (ESPM-SP); DJ e produtor musical no projeto Apollorabbit. Onde encontrar: nas pistas mais obscuras e com sons cabeçudos

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